Novo líder da Al Qaeda tem a cabeça a prémio por 10 milhões de dólares

A Al Qaeda não nomeou formalmente um sucessor para Ayman al-Zawahiri, mas crê-se que Seif al-Adel esteja a operar como líder do grupo de forma definitiva.
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Seif al-Adel, um ex-oficial das forças egípcias e agora líder "incontestado" da Al Qaeda, de acordo com um novo relatório da ONU sobre a organização, tem a cabeça a prémio por 10 milhões de dólares (cerca de 9,35 milhões de euros), segundo a Reuters.

A Al Qaeda não nomeou formalmente um sucessor para Ayman al-Zawahiri, que se acredita ter sido morto num ataque com recurso a mísseis por parte dos EUA em Cabul no ano passado, mas crê-se que Seif al-Adel esteja a operar como líder do grupo de forma definitiva.

A morte de Zawahiri aumentou a pressão sobre o grupo para escolher um líder estratégico que possa planear cuidadosamente operações mortais e comandar uma rede jihadista. Ao contrário dos antecessores, que tinham bastante visibilidade e protagonizavam vídeos ameaçadores, Adel tem um perfil mais low profile, tendo planeado, na sombra, vários ataques mortais.

Adel foi indiciado e acusado em novembro de 1998 por um grande júri federal dos Estados Unidos pelo seu papel nos ataques bombistas contra as embaixadas dos Estados Unidos na Tanzânia e no Quénia, que mataram 224 civis e feriram mais de 5000.

Um dos homens mais procurados pelo FBI, Adel participou em operações em África e campos de treino, tendo ainda ficado ligado ao homícidio do jornalista norte-americano Daniel Pearl no Paquistão em 2002, de acordo com investigadores americanos. De resto, pouco mais se sabe sobre o líder do grupo terrorista.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos acredita que Adel vive no Irão e oferece até dez milhões de dólares (cerca de 9,35 milhões de euros) por informações sobre o líder da Al Qaeda.

No entanto, a missão iraniana nas Nações Unidas negou que Adel estivesse no Irão. "Essa desinformação pode prejudicar os esforços de combate ao terrorismo", indica uma publicação no Twitter.

O site do programa Rewards for Justice, do Departamento de Estado norte-americano, diz que o ex-tenente-coronel o exército egípcio mudou-se para o sudeste do Irão após participar em atentados em Áfrico, tendo vivido em solo italiano sob a proteção da Guarda Revolucionária Islâmica do país.

Adel e outros líderes da Al Qaeda foram colocados em prisão domiciliária em abril de 2003 pelo Irão, que o libertou, juntamente com outros quatro, em troca de um diplomata iraniano que foi sequestrado no Iémen.

Ali Soufan, um ex-agente especial do FBI que rastreou agentes da Al Qaeda, escreveu num perfil divulgado pelo Centro de Combate ao Terrorismo que o nome de guerra Adel, cujo nome verdadeiro é Mohammed Salahuddin Zeidan, significa "espada da justiça".

"Ele é capaz de ameaçar com violência qualquer um que o desagrade e é conhecido por enfrentar a deslealdade com força rápida e implacável. É desdenhoso e até brutal com os subordinados no calor do momento, mas também é conhecido como uma fonte de conselhos. Em tempos mais felizes, mostrou talento para o futebol e queda por fazer piadas", escreveu Soufan.

Especialistas no movimento jihadista dizem que Adel começou a sua longa e sangrenta carreira em 1981, quando era suspeito de envolvimento no assassinato do presidente egípcio Anwar al-Sadat às mãos de soldados islâmicos num desfile no Cairo que foi transmitido pela televisão.

"O histórico militar profissional de Seif al-Adel e a valiosa experiência como chefe do comité militar da Al Qaeda antes do 11 de setembro significam que ele tem fortes credenciais para assumir a liderança geral da Al Qaeda", crê Elisabeth Kendall, especialista da Universidade de Oxford.

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