"Nota 20" para o Sporting com um duplo título europeu
O Sporting conseguiu ontem uma inédita (na história do clube) dobradinha, conquistando o título europeu de corta-mato nos setores masculino e feminino. Se entre as mulheres esta foi a primeira vitória de sempre para o clube de Alvalade, já nos homens este 15.º título significou o retomar de uma velha tradição, 24 anos depois da última conquista. O queniano Davis Kiplangat, que ganhou em masculinos, e a portuguesa Jéssica Augusto, segunda em femininos, foram os melhores representantes individuais do Sporting.
Numa competição que os adeptos portugueses se habituaram a ver proporcionar vários momentos altos do atletismo luso - desde os tempos de Carlos Lopes e Fernando Mamede (anos 1970 e 1980) ao domínio de Domingos Castro e Paulo Guerra (anos 1990), no setor masculino; ou as façanhas de Albertina Dias, Conceição Ferreira, Carla Sacramento, entre outras, no feminino -, os leões resgataram ontem uma tradição que já não se renovava desde 2011, anos das últimas conquistas portuguesas na prova: então pela Conforlimpa, nos homens, e pelo Maratona, nas mulheres.
No caso do Sporting, contudo, o jejum era bem mais acentuado. Desde 1994, e da vitória de uma equipa então liderada por Domingos Castro (que chegou nesse ano ao seu penta individual, um recorde que ainda se mantém), que os leões não celebravam uma conquista na Taça dos Clubes Campeões Europeus de crosse. Um jejum que chegou ao fim em dose dupla, com a 15.ª vitória em masculinos (recorde continental) e a primeira da história do clube no setor feminino.
Proeza que deixou naturalmente feliz o diretor técnico do atletismo leonino, Carlos Silva. "É um título europeu, é um título difícil de conquistar, é como tirar 20 na escola a uma disciplina ou outra coisa qualquer", comparou, no final.
"Sinto-me uma pessoa feliz, um técnico feliz, em trabalhar com estes atletas. Porque conseguiram transportar para a competição um espírito coletivo, de felicidade e de competência", acrescentou o responsável, que dedicou o título ao presidente do Sporting, Bruno de Carvalho: "É um momento especial e é um momento especial dedicado à direção, nomeadamente ao presidente."
O trunfo Kiplangat
Se a vitória coletiva no setor feminino era mais ou menos aguardada, devido à grande qualidade da equipa formada pelos leões - Jéssica Augusto, Sara Moreira, Inês Monteiro, Salomé Rocha, Catarina Ribeiro e ainda a bielorrussa Sviatlana Kudzelich -, já em masculinos foi mais surpreendente, acabando por ser decisivo o trunfo Davis Kiplangat, o jovem valor queniano contratado pelo Sporting.
O atleta africano de 19 anos, que já foi campeão africano de juvenis e segundo no Mundial em 2015 (3000 m), ganhou com quase 20 segundos de avanço sobre o segundo colocado, o belga Isaac Kimeli, campeão europeu sub-23 em 2016. Além de Kiplangat, pontuaram para o Sporting Rui Pedro Silva (sexto), Rui Teixeira (sétimo) e Licínio Pimentel (11.º), com Bruno Albuquerque a ser 20.º.
Em femininos, as leoas confirmaram o favoritismo vencendo com grande superioridade do Sporting, ao colocar todas as suas seis atletas entre as 12 primeiras. Jéssica Augusto foi segunda, Sara Moreira 5.ª, Inês Monteiro 7.ª e a bielorrussa Svietlana Kudzelich 8.ª, a fechar a equipa.
"Era este o grande objetivo da época de inverno e provámos que o atletismo português está vivo, é uma questão de aposta", disse Licínio Pimentel, capitão da equipa masculina do Sporting.
"Entrámos para a história do clube", disse por sua vez Jéssica Augusto, enaltecendo a "aposta grande do clube". "Apostou e melhorar a equipa e daí este título."