Noronha Lopes recorda antigo presidente com indiretas a Vieira
O Benfica comemora este domingo 117 anos da sua fundação, numa altura em que atravessa uma crise de resultados desportivos na sua equipa de futebol, que têm motivado muitos protestos dos adeptos, isto quando passaram pouco mais de quatro meses das eleições que reelegeram Luís Filipe Vieira como presidente.
Nesse ato eleitoral, o gestor João Noronha Lopes foi, na altura, o candidato derrotado e este domingo quebra o silêncio com uma publicação no Facebook, onde recorda Borges Coutinho, um dos mais destacados presidentes da história do Benfica, no ano do centenário do seu nascimento. Uma espécie de re
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"Celebramos hoje o 117.º aniversário do Sport Lisboa e Benfica. Bem sei que o período que o nosso clube atravessa não parece dado a festejos, mas é nos momentos difíceis que é mais importante celebrar o benfiquismo", pode ler-se, antes de evocar Borges Coutinho, líder dos encarnados entre 1969 e 1977, num discurso que pode ser interpretado como uma indireta a Luís Filipe Vieira, presidente que este domingo dá a primeira entrevista, no caso à BTV, onde estão prometidas explicações sobre a atual época da equipa de futebol.
"Com ele estão o pensamento e a memória dos benfiquistas, não porque parece bem dizê-lo, mas porque a sua vida nos ensina o fundamental sobre ser Benfica. Não podemos construir nem o presente, nem o futuro, sem conhecer, respeitar e honrar o legado que nos fez gloriosos. Esta é uma responsabilidade quotidiana do Sport Lisboa e Benfica e de quem tem o privilégio de o representar", sublinha Noronha Lopes.
Depois de historiar como Borges Coutinho se fez benfiquista e a sua caminhada até chegar à presidência do clube, em abril de 1969, Noronha Lopes lembrou que, com essa liderança, "o Benfica viveu um período de verdadeira hegemonia no futebol português, com sete campeonatos conquistados em oito anos, um dos quais - em 1973 - sem qualquer derrota".
"Nas modalidades, conseguimos numerosos troféus, fortalecendo ainda mais a nossa tradição eclética. Foram também anos de enriquecimento do património e de modernização do clube, com o Benfica a tornar-se proprietário dos terrenos do Estádio da Luz, onde se começou a erguer uma extraordinária Cidade Desportiva", prosseguiu.
Além da vertente desportiva, Borges Coutinho foi igualmente lembrado pela forma como manteve as "eleições democráticas" no clube: "Rejeitou a criação de qualquer órgão que escolhesse indiretamente o presidente e o Benfica continuou a eleger o seu presidente e demais dirigentes com o voto livre dos sócios. Com a sua liderança, o Benfica foi um exemplo para Portugal, ao manter eleições democráticas e transparentes, quando o país não as tinha, e ao ceder as instalações do clube para as primeiras assembleias de sindicatos livres."
Noronha Lopes lançou ainda uma farpa ao atual presidente, que se mantém na liderança do clube desde 2003. "Em 1977, com o Benfica de novo em primeiro lugar do campeonato e uma reeleição assegurada, decide não se apresentar a eleições. Estava no Benfica para servir e, sem apego ao poder, soube escolher o momento para sair", escreveu, sublinhando que, em Borges Coutinho, "viviam juntas a elegância e a determinação em vencer, a liderança e a sobriedade, a elevação de princípios, o estatuto moral, o entusiasmo e o sentido de missão de alguém que nunca viu na responsabilidade um fardo, mas sim um enorme motivo de orgulho".
O ex-candidato refere ainda que Borges Coutinho era o presidente quando entrou pela primeira vez no Estádio da Luz e foi nesses anos que se habituou a ver o Benfica ganhar.
"Devo-lhe a minha homenagem. Mas esta evocação de um dos nossos maiores não é apenas um sinal de reconhecimento e de saudade. Olhar a grandeza do nosso passado, em dia do aniversário do clube, é também o melhor caminho para projetar os dias de amanhã. Na liderança pelo exemplo de Borges Coutinho, encontraremos sempre uma inspiração para o Benfica, cuja mística celebramos: um Benfica com identidade, com valores, com paixão e com uma enorme ambição de vencer", conclui.