Noite sem música portuguesa

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Tózé Brito, presidente da Universal Music Portugal, afirmou ao DN que "a música que se faz em Portugal é tão interessante como a que se faz no resto da Europa", comentando as afirmações de Antonio Campo dell'Orto, da MTV europeia, que disse não encontrar bandas portuguesas com interesse para os milhões de espectadores da cerimónia de ontem.

"Certamente que mostraram a música portuguesa de forma errada a esse responsável, ou então ele terá que a ouvir melhor", confessou Tozé Brito. Já David Ferreira, presidente da EMI Music Portugal, disse ao DN que "se as declarações estavam relacionadas com a qualidade da música, trata-se de um disparate revoltante". "Se dizem respeito à notoriedade ou dimensão comercial da música portuguesa, temos que, de alguma forma, aceitar essas afirmações". David Ferreira salientou ainda que "o que não é aceitável é que as entidades nacionais que apoiaram o evento não tenham reclamado uma maior presença da música portuguesa na cerimónia".

Contactados pelo DN, alguns músicos nacionais revelaram as suas opiniões quanto à mesma questão. David Fonseca lembrou que "estes prémios são internacionais e já aconteceu noutras edições desta cerimónia não estarem presentes artistas dos países anfitriões". O cantor salientou que "este é um falso problema". O músico comentou ainda as afirmações de dell'Orto "Do ponto de vista comercial são um retrato da realidade."

Zé Pedro, dos Xutos & Pontapés, afirmou que "os portugueses não podem esperar estar aqui. A indústria não tem peso para tal. Quanto à ausência de interesse da música portuguesa, não se pode dizer isso quando nem se conhece a música em questão".

"A esfera musical portuguesa continua alienada daquilo que se faz lá fora", confessou John Gonçalves, dos The Gift. "Por isso, não podemos estar à espera que nos convidem para actuar. Claro que as afirmações de dell'Orto só podem ser entendidas do ponto de vista comercial e aí estão correctas."

João Pedro Coimbra, dos Mesa, revelou a mesma opinião "O 'desinteresse' deverá estar relacionado com o facto de não termos exposição internacional. Quando tocámos no MTV Live'N'Loud, os The Rakes confessaram-se admirados por existirem em Portugal bandas tão boas. Mas era muito bom que alguma pudesse ter subido ao palco."

Rui Reininho lamentou que a representação em palco tenha sido assegurada apenas por futebolistas, "mas isto é uma indústria e estas são as suas regras."

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