Glosando a abertura de Suppé, aqui está a segunda resenha crítica das nossas andanças pela Festa de Beethoven. .Concerto 31/Sala Brentano (sexta, 20.45). Concerto Köln em Wilms (Sinfonia 6/I e III), Eberl (Sinfonia mib M/II) e Beethoven (Sinfonia 3/I). Em instrumentos de época e sem maestro (!), uma orquestra impressionante de apuro num concerto onde tudo foi praticamente perfeito. Pena o andamento do Eberl não ter sido o primeiro (ou o Finale), que seriam mais ilustrativos..Concerto 40/Sala Holz ( 22.00). Hummel (Rondeau para flauta e piano, op. 126 e Septeto 'Militar', op.114) por um ensemble ad hoc de flauta (Juliette Hurel), clarinete, trompete, violino, violoncelo, contrabaixo e piano (Momo Kodama). Partituras muito brilhantes para o piano, ainda assim Kodama podia ter comedido mais o seu "jogo". Hurel muito bem no Rondeau e o ensemble bastante consistente no interessante Septeto, que valeu pelos andamentos interiores..Concerto 76/Sala Razumovsky (sábado, 12.00). Pedro Carneiro e Tatiana Koleva duas marimbas para Clementi (quatro sonatas para piano transcritas por Carneiro). "Transferência" instrumental bem realizada, mas sensível diferença de nível entre os dois intérpretes que prejudicou o resultado final. Seja como for, uma experiência bem curiosa..Concerto 95/Sala Arquiduque Rudolfo (13.30). Luís Rodrigues e João Paulo Santos em Lieder de Zelter e Beethoven. Textos de Goethe, Schiller, Metastasio, Matthisson e Jeitteles (seis Lieder de An die ferne Geliebte) - pena o Spohr ter sido retirado. Luís Rodrigues bastante bem na voz (apenas uma outra ligeira imperfeição) e nas interpretações, João Paulo Santos muito seguro e denotando grande capacidade evocativa (a Stimmung dos alemães). Berglied, Adelaide, Wonne der Wehmut e, sobretudo, as canções do op. 98 destacaram-se..Concerto 87/Sala Holz (15.15). O Quarteto Prazák no op. 127, em mib M, de Beethoven. Esta obra por estes intérpretes prometia, mas o resultado ficou um tanto aquém das expectativas, devido a algumas imperfeições técnicas e uma concepção interpretativa que deixou a desejar, sobretudo no Maestoso-Allegro e no Scherzando vivace..Concerto 53/Sala Waldstein (16.45). Sinfonia Varsovia e Coro Accentus com Laurence Equilbey e quatro solistas vocais para a Cantata sobre a morte do Imperador José II e a cantata Mar calmo e viagem feliz (não ouvimos esta). Interpretações muito boas da primeira (os solistas verdadeiramente postos à prova são o soprano e o baixo). A obra é muito curiosa, com momentos que a aproximam da opera seria, outros da oratória barroca, outros ainda utilizando harmonias e progressões muito ousadas. Estruturalmente, são dois números corais que enquadram uma intervenção do baixo e uma, bem longa, do soprano (bem, Hilde Haraldsen Sveen não uma grande voz, mas segura e bem timbrada), com um pequeno episódio coral a separá-las..Concerto 62/Sala Kreutzer (18.00). O trio russo, já um clássico das Festas no CCB, composto por Boris Berezovsky (piano), Dmitri Makhtin (violino) e Alexander Kniazev (violoncelo). No cartaz,o Trio com piano em sib M, op. 97, "Arquiduque". Estes três músicos têm já um grande entrosamento e Berezovsky tem um dom para a música de câmara que nem todos os pianistas possuem. Algum ocasional vibrato excessivo de Makhtin e algumas fugas à afinação justa por Kniazev pouco mancharam uma interpretação e leitura de alto nível artístico.