No futuro, o Dakar pode ser no Norte de África
"Tudo aquilo que não for em África, não é o Dakar." É desta forma que o motard Hélder Rodrigues reage à possibilidade de se reinventar a mítica prova automobilística noutro continente. A hipótese não agrada aos pilotos portugueses, que lembram o misticismo da prova e preferem uma solução que passe pelo Norte do continente africano.
Depois do cancelamento da edição deste ano do Lisboa-Dakar , a piloto de camiões Elisabete Jacinto mostra-se pessimista: "Não sei se o Dakar, tal qual o conhecemos, não acabou." E o piloto Carlos Sousa vê a situação como um aviso, lembrando que "as grandes marcas não podem viver só de um grande evento mundial". Por isso, Carlos Sousa sugere que se deve criar uma "prova especial", para coexistir com o Dakar.
Quanto ao futuro do Dakar, Sousa admite que "a sua rota tem de ser redefinida", explicando que ela "eventualmente, pode nem passar por Dakar, mas devia passar pela Tunísia, Líbia ou Egipto, porque a África não está esgotada".
Os restantes pilotos portugueses também apontam para o Norte de África, rejeitando as soluções de recurso já veiculadas (segundas as quais a prova podia para para a América do Sul, centrando-se no Chile). Hélder Rodrigues explica que "a América do Sul não tem condições para um Dakar, pois não tem o mesmo deserto" e que "na Europa também é impossível conseguir o mesmo ambiente".
Já Elisabete Jacinto prefere referir que "há países seguros em África". Embora admita não ter pensado muito no futuro, o motard Rúben Faria, afiança que "África é mítica, consegue-se sempre uma boa prova, seja em Angola ou na Líbia". O também motard João Rolo, que se preparava para a estreia na prova, é mais cauteloso: "É melhor aguardar para ver." "Acho que o espírito e a marca podem e vão manter-se, mas um Dakar sem passar por Dakar [capital do Senegal] é difícil de imaginar", completa.