Netanyahu garante que Israel nunca será um Estado religioso

Jerusalém, 03 jun 2019 (Lusa) -- O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu assegurou hoje na sua conta na rede social Twitter que "Israel nunca será um Estado religioso", em resposta ao desejo expresso por um deputado sobre um país regido pela lei judaica.
Publicado a
Atualizado a

O deputado israelita Betzalel Smotrich, chefe de uma formação nacionalista religiosa que pretende o cargo de ministro da Justiça, tinha previamente declarado que o país deveria ser regido "pelas leis da Torah" como no tempo da Bíblia.

Incapaz de formar uma coligação após as eleições de 09 de abril, Netanyahu conseguiu que o novo parlamento aprovasse a dissolução e foram convocadas novas eleições para 17 de setembro.

No domingo, o primeiro-ministro demitiu os ministros da Educação (Naftali Bennett) e da Justiça (Ayelet Shaked), que não conseguiram a reeleição para o parlamento em abril.

Betzalel Smotrich, cujo partido Lar Judaico (Bait Yehudi) integra a atual coligação, já revelou que pretende controlar a pasta da Justiça.

"A longo prazo pretendo que Israel seja regido pelas leis da Torah" (a Bíblia), indicou durante uma entrevista à rádio pública Kan o dirigente da lista "Direita Unida".

Esta lista agrupa dois partidos religiosos nacionalistas e obteve cinco lugares nas legislativas de abril. Deverá juntar-se à coligação de Netanyahu.

Por sua vez, o líder do partido de esquerda Meretz pediu ao procurador-geral que impeça a futura nomeação de Smotrich para a pasta da Justiça.

"Existe o perigo real que o Ministério da Justiça seja utilizado par colocar em perigo a democracia israelita", escreveu Tamar Zandberg.

Por sua vez, Avigdor Lieberman, chefe do partido laico nacionalista Israel Beiteinou, um dos parceiros potenciais de Netanyahu que fez fracassar a coligação, assegurou que o seu partido "impedirá que o Estado se torne num Estado regido por leis religiosas".

Smotrich, um judeu ortodoxo, declarou que essa mudança não depende da sua vontade, mas da decisão do povo judeu.

Ao referir-se às leis bíblicas de Israel, exprimiu a esperança que o país se assemelhe "à época dos reis David e Salomão".

O deputado ultraortodoxo também precisou que a regra religiosa que tem em mente "será em conformidade com os tempos, os desafios, a economia e o comportamento da sociedade em 2019".

Em julho de 2018 o Knesset (parlamento) aprovou a polémica Lei do Estado-Nação, que define oficialmente Israel como "Estado-nação do povo judeu", ao qual reserva o direito à autodeterminação e estabelece o hebraico como única língua oficial.

A decisão que originou fortes protestos entre a minoria árabe israelita, que se referiu à instauração de um sistema de "apartheid".

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt