Netanyahu garante que Israel nunca será um Estado religioso
O deputado israelita Betzalel Smotrich, chefe de uma formação nacionalista religiosa que pretende o cargo de ministro da Justiça, tinha previamente declarado que o país deveria ser regido "pelas leis da Torah" como no tempo da Bíblia.
Incapaz de formar uma coligação após as eleições de 09 de abril, Netanyahu conseguiu que o novo parlamento aprovasse a dissolução e foram convocadas novas eleições para 17 de setembro.
No domingo, o primeiro-ministro demitiu os ministros da Educação (Naftali Bennett) e da Justiça (Ayelet Shaked), que não conseguiram a reeleição para o parlamento em abril.
Betzalel Smotrich, cujo partido Lar Judaico (Bait Yehudi) integra a atual coligação, já revelou que pretende controlar a pasta da Justiça.
"A longo prazo pretendo que Israel seja regido pelas leis da Torah" (a Bíblia), indicou durante uma entrevista à rádio pública Kan o dirigente da lista "Direita Unida".
Esta lista agrupa dois partidos religiosos nacionalistas e obteve cinco lugares nas legislativas de abril. Deverá juntar-se à coligação de Netanyahu.
Por sua vez, o líder do partido de esquerda Meretz pediu ao procurador-geral que impeça a futura nomeação de Smotrich para a pasta da Justiça.
"Existe o perigo real que o Ministério da Justiça seja utilizado par colocar em perigo a democracia israelita", escreveu Tamar Zandberg.
Por sua vez, Avigdor Lieberman, chefe do partido laico nacionalista Israel Beiteinou, um dos parceiros potenciais de Netanyahu que fez fracassar a coligação, assegurou que o seu partido "impedirá que o Estado se torne num Estado regido por leis religiosas".
Smotrich, um judeu ortodoxo, declarou que essa mudança não depende da sua vontade, mas da decisão do povo judeu.
Ao referir-se às leis bíblicas de Israel, exprimiu a esperança que o país se assemelhe "à época dos reis David e Salomão".
O deputado ultraortodoxo também precisou que a regra religiosa que tem em mente "será em conformidade com os tempos, os desafios, a economia e o comportamento da sociedade em 2019".
Em julho de 2018 o Knesset (parlamento) aprovou a polémica Lei do Estado-Nação, que define oficialmente Israel como "Estado-nação do povo judeu", ao qual reserva o direito à autodeterminação e estabelece o hebraico como única língua oficial.
A decisão que originou fortes protestos entre a minoria árabe israelita, que se referiu à instauração de um sistema de "apartheid".