Nagorno-Karabakh: Azerbaijão e separatistas arménios iniciam negociações

As conversações realizam-se na cidade de ​​​​​​​Yevlakh, cerca de 300 quilómetros a oeste da capital do Azerbaijão, Baku.
Publicado a
Atualizado a

Representantes do Azerbaijão e dos separatistas arménios de ​​​​​​​Nagorno-Karabakh iniciaram esta quinta-feira conversações após uma ofensiva militar de 24 horas de Baku para recuperar o controlo do território separatista, anunciou a agência oficial azeri.

As conversações realizam-se na cidade de Yevlakh, cerca de 300 quilómetros a oeste da capital do Azerbaijão, Baku.

A agência oficial do Azerbaijão, Azertac, divulgou imagens em que se viam seis negociadores sentados à volta de uma mesa.

Entre eles, estava um representante de Nagorno-Karabakh, David Melkoumian, segundo a agência francesa AFP.

A Azertac noticiou que participam nas conversações três representantes do Azerbaijão, dois dos arménios de Nagorno-Karabakh e um elemento do contingente russo estacionado no território desde 2020.

Os separatistas arménios de Nagorno-Karabakh anunciaram na quarta-feira que aceitavam depor as armas e negociar a reintegração no Azerbaijão.

A decisão ocorreu um dia depois de o Azerbaijão ter lançado uma operação militar no território azeri de população maioritariamente arménia.

Os separatistas disseram que a operação provocou 200 mortos e mais de 400 feridos.

O Ministério da Defesa russo anunciou que dois soldados russos foram mortos na quarta-feira, quando a viatura em que seguiam foi atingido por fogo.

O cessar-fogo foi mediado pela força de manutenção da paz que a Rússia tem em Nagorno-Karabakh desde a guerra de 2020, quando o Azerbaijão recuperou parte do território que tinha perdido anteriormente para os separatistas arménios.

A presidência de Baku disse na quarta-feira que as partes iriam discutir "questões de reintegração da população arménia com base na Constituição e nas leis da República do Azerbaijão".

O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, reafirmou o "apoio sem reservas" de Ancara a Baku durante uma conversa telefónica com o homólogo azeri, Ilham Aliev, segundo a presidência turca.

Pressionados pelo poder militar do exército azeri e pela decisão da Arménia de não os auxiliar, os separatistas aceitaram entregar as armas e participar nas primeiras conversações sobre a "reintegração" da autoproclamada República de Nagorno-Karabakh no Azerbaijão.

No entanto, os separatistas acusaram já esta quinta-feira o Azerbaijão de violar o cessar-fogo, acusando as forças azeris de "uma variedade de armas de fogo", uma acusação que o Ministério da Defesa do Azerbaijão chamou de "completamente falsa e desinformação".

A situação em Nagorno-Karabakh vai ser analisada esta quinta-feira à tarde, em Nova Iorque, numa reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, confirmou a presidência albanesa na terça-feira à noite.

Na véspera das negociações, o conselheiro do Presidente azeri Hikmet Hajiev disse que o objetivo do Azerbaijão era "a reintegração pacífica dos arménios" de Nagorno-Karabakh e a normalização das relações com a Arménia.

Baku poderá, assim, conseguir recuperar o controlo da região de Nagorno-Karabakh, habitada principalmente por arménios e palco de duas guerras entre as antigas repúblicas soviéticas do Cáucaso, o Azerbaijão e a Arménia.

A primeira guerra decorreu entre 1988 e 1994, com um saldo de 30 mil mortos, e a segunda no outono de 2020, com 6.500 mortos.

No entanto, a Arménia alertou esta quinta-feira as Nações Unidas que o Azerbaijão estava a realizar uma "limpeza étnica" e a cometer um "crime contra a humanidade" ao recuperar o controlo da região separatista de Nagorno-Karabakh.

O embaixador arménio Andranik Hovhannisyan lembrou que o seu país já tinha alertado sobre a "iminente limpeza étnica" em Nagorno-Karabakh, sublinhando que "agora está em curso".

"Os civis em Nagorno-Karabakh estão encurralados e não têm como sair, uma vez que o Azerbaijão continua a bloquear a única linha de vida que liga a Arménia. Esta não é uma mera situação de conflito, é um crime contra a humanidade e deve ser tratado como tal", avisou.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt