"Houve quem agourasse que o derrame da BP seria para Barack Obama o que o furacão Katrina foi para George W. Bush: um acidente agravado pela lentidão e incapacidade na reacção do governo. Houve quem também dissesse que aquele desastre acabaria com os negócios no Golfo, e possivelmente nos EUA, da petrolífera BP, um dos maiores comerciantes de crude do mundo. Outros, finalmente, vaticinaram uma mudança transcendental nas fontes de energia norte-americanas, uma viragem para as renováveis e o renascimento das centrais nucleares. Essas previsões não se cumpriram", escreve hoje o El País..O jornal espanhol refere que o acidente nuclear em Fukushima, no Japão, provocado por um sismo de magnitude 8,9 e o tsunami que se seguiu, não deverá dar margem de manobra aos EUA para aprofundarem o seu plano de energia nuclear. Além disso, a batalha que se gerou entre a Administração de Barack Obama e o Congresso, dominado pelos republicanos, "debilitou as possibilidades de implementar mais energias renováveis" e "pouco se fala nestes dias em Washington sobre a reforma do sector petrolífero"..No Louisiana, estado republicano, as maiores culpas são atiradas para Obama, que ordenou o congelamento temporário de novas perfurações, do que para os responsáveis pelo desastre e pelo derrame. A moratória do governo central terá custado 8000 postos de trabalho no sector petrolífero, segundo a Universidade Estatal do Louisiana..Os pescadores sentem-se abandonados e exigem que a BP cumpra as promessas, nomeadamente que termine de limpar a costa e forneça equipamento para lidar com crude derramado que possa reaparecer com as marés.