Música e imagens para rever Chico Buarque

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Música. Nova caixa é hoje editada em Portugal

Quanto mais velho melhor? Aos 64 anos, Chico Buarque parece ter calado as vozes críticas. Todos lhe elogiam o talento de compositor e letrista, até mesmo de escritor, a postura no palco e na vida e os seus imensos olhos azuis. Uma unanimidade recente, como recordou o músico numa entrevista à Folha de São Paulo, em 2006: "Isso na verdade é cíclico. Nos anos 80, parecia que a música da gente já era. Nacional, só rock e olhe lá. Eu fui considerado completamente ultrapassado. Depois voltou. Daqui a pouco pode ser que não interesse mais." Pode até ser, mas enquanto o momento dura as editoras têm que aproveitar. Só assim se entende que, depois de tantas colectâneas e discos ao vivo, apareça agora, sem qualquer pretexto comemorativo, mais esta caixa: Chico Buarque: Essencial.

Lançada no ano passado no Brasil, a caixa inclui quatro CD e um DVD que pretendem resumir, no essencial, toda a obra de Chico Buarque. Os CD contêm 56 temas, representando as várias fases do cantor e compositor, arrumadas por quatro temas: "Samba e amor (no leito, na pista ou no palanque)"; "Todo o sentimento (no tempo da delicadeza e do feminino, a se colorir)"; "Cotidiano (o olhar do cronista imune a infinitas cortinas)" e "Entre amigos, paratodos (sucessos e duetos de um artista brasileiro)". De Pedro Pedreiro, composta em 1965, até Renata Maria, de 2005, incluindo ainda duas regravações inéditas: Tanto Amar é uma sobra de estúdio do CD Uma Palavra (1995), no qual Chico relia velhas canções que faziam parte do showParatodos; já Samba Do Grande Amor é também uma sobra mas do álbum Chico ao Vivo (1999).

Faltam alguns temas "essenciais", como Construção, mas uma selecção é uma selecção e, com um compositor tão prolífico e com 40 anos de carreira, haverá sempre quem note a ausência de alguns dos seus temas preferidos. Vale a pena, no entanto, sublinhar a presença, no último CD, dos duetos com Nara Leão (João e Maria) ou com Jobim e Miúcha (Vai Levando), além de algumas preciosidades menos conhecidas: Tororó (com Marianna Leporace), Grande Hotel (com Wilson das Neves) e Fado Tropical (com Fafá de Belém).

No DVD, o documentário Chico ou o País da Delicadeza Perdida é um especial encomendado pela televisão francesa para assinalar os 25 anos de carreira do músico, em 1990. A direcção é de Walter Salles e Nelson Motta, que já tinham feito juntos um especial com Marisa Monte. A ideia era não só falar da carreira de Chico mas associá-la à história do Brasil - para isso usaram imagens de Uma Avenida chamada Brasil, de Otávio Bezerra e Rio de Memórias, de José Inácio Parente. Tudo isto intercalado com uma entrevista onde Chico fala da sua música e do seu Brasil. |

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