Museu e jardim medieval em defesa do mito de Inês de Castro

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O Fado Entrecortado, escrito por Vasco Graça Moura propositadamente para a voz de Mísia, encerrou, ontem à noite, em Coimbra, as comemorações dos 650 anos da morte de Inês de Castro. No cair do pano ouviram-se ainda o fadista José Mesquita, The Gift e Antigos Orfeonistas, assistiu-se à magia de Luís de Matos e a um documentário retrospectivo da efeméride, da autoria de Adriana Freire.

Ao longo de um ano viajou-se ao século XIV e reviveu-se, nas várias linguagens artísticas, os amores de Pedro e Inês. Não raras vezes inventou-se uma nova história, e imprimiu-se actualidade e contemporaneidade a uma das mais emblemáticas personagens da nossa História.

"Foi um ano em que houve grande erupção da criação artística moderna", disse José Miguel Júdice. O êxito da iniciativa ultrapassou as expectativas, sobretudo porque "as novas gerações passaram a olhar o tema com modernidade", abandonando aquela visão "passadista", sublinha ainda o comissário-geral das comemorações, que ontem falava na cerimónia de encerramento.

Mas a preservação do mito não termina aqui, a atestar que o nome da dama castelhana é mesmo para, como D. Pedro gravou no seu túmulo, durar "até ao fim do mundo". A Câmara de Montemor-o-Velho, por exemplo, já mostrou disponibilidade para albergar o Centro de Estudos Inesianos e nasce, em Coimbra, um prémio anual de criação literária subordinado a esta temática.

Na Quinta das Lágrimas será edificado o Museu Inês de Castro, que, por enquanto, ficará provisoriamente instalado na Galeria Pedro e Inês, projectada pelo arquitecto Gonçalo Byrne. A mata da Quinta será ampliada e a sua zona histórica restaurada e reconstruída, abrindo espaço para a criação daquele que será o primeiro Jardim Medieval português, cuja inauguração está prevista para Maio.

Fez ontem precisamente um ano que nasceu a Fundação Inês de Castro, que perpetua agora a sua actividade criando nove pelouros sobre diversas áreas, coordenados, entre outros, por Rui Vieira Nery, Artur Corte Real, Olga Roriz e Maria João Bustorff. A primeira iniciativa será a organização, este ano, de um programa de ateliers artísticos orientado pelo escultor João Cutileiro e pelos presidentes das fundações de Serralves, António Gomes Pinho, e PLMJ, Luís Saragga Leal.

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