O jogador de Azeitão é o equivalente no golfe à tenista Michelle Brito.Pedro Figueiredo é um dos favoritos à vitória no 78.º Campeonato Internacional Amador de Portugal, que a Federação Portuguesa de Golfe (FPG) vai organizar, de 21 a 24 de Fevereiro, no Estela Golf Club, na Póvoa de Varzim. A alteração no regulamento da prova, que passa disputar-se em stroke-play em vez do match-play (eliminação directa) favorece ainda mais o português de 16 anos..A sua época de 2008 começou com uma vitória no primeiro torneio da recém-criada secção de golfe do Benfica - "ele é um benfiquista ferrenho", revela o pai -, depois de encerrar a temporada de 2007 com uma brilhante terceira posição no Junior Orange Bowl Championship, na Florida, considerado o mais importante torneio de sub-18 do mundo. Pedro perdeu o título por escassas duas pancadas e quase repetia no golfe o feito de Michelle Brito no ténis..As perspectivas para o novo ano são promissoras, depois do n.º 1 amador português dos últimos dois anos ter conseguido "a sua melhor época desportiva de sempre em 2007", na opinião de Sebastião Gil, o treinador das selecções nacionais da FPG..Pedro não ganhou nenhum título internacional, mas arrasou por completo a nível interno e Sebastião Gil sublinha que "jogou muitos torneios amadores de nível superior ao que tinha feito em anos anteriores"..Campeão nacional amador, vencedor da Taça da FPG, n.º1 do 'Ranking' Nacional BPI/FPG e Jogador Amador do Ano da FPG, Pedro tem a noção de que "a nível nacional, dificilmente 2007 poderia ter sido melhor", mas admite que "internacionalmente os resultados não foram tão consistentes"..No entanto, concorda com Sebastião Gil que "houve participações internacionais muito boas, como o segundo lugar no Campeonato Internacional Amador da Suíça e o terceiro posto no Orange Bowl, onde estiveram presentes os 15 melhores sub-18 americanos e um ou dois dos melhores dos outros países"..Esteve "muito perto" de ganhar um título internacional, mas acrescenta "ser normal ir jogando torneios cada vez mais importantes, à medida que se vai ganhando mais experiência"..Pedro teve ainda de aprender a lidar com um calendário mais carregado. "Ele fez 91 voltas competitivas em 2007", contou David Moura, o treinador adjunto das selecções nacionais amadoras e responsável pelos registos estatísticos dos golfistas de alta competição..Este licenciado em Educação Física explica que "algumas das competições mais importantes são umas atrás das outras e isso provoca um certo desgaste físico e psicológico"..José Luís Figueiredo, o pai do "menino-prodígio" do golfe luso, que gosta de ser chamado pela alcunha Ginja, contabiliza em "200 dias o tempo que o Pedro esteve fora de casa em 2007". O perigo de competição a mais existe e Sebastião Gil diz, por exemplo, que "a ida ao Open de Madrid no final da época não foi positiva", mas admite que "há desafios que não se podem recusar". Como explicar a um jovem de 16 anos que, como recorda o pai, "nunca quis ser bombeiro, polícia ou fosse lá o que fosse, mas sempre assegurou com firmeza que iria ser golfista profissional", que não poderia aceitar um convite do mítico Severiano Ballesteros para disputar, pela primeira vez, um torneio do European Tour no estrangeiro?.O seleccionador nacional explica a solução: "Consiste em manter-lhe elevados os níveis de motivação, recorrendo a uma programação variada. Deve continuar a jogar torneios do seu escalão etário onde é o favorito e sente a pressão e a motivação de jogar para ganhar - é importante que se habitue a ganhar, mas também vai entrando em torneios mais difíceis, sem queimar etapas. Daí que só de vez em quando jogue torneios profissionais"..David Moura destaca a vontade de vencer de Pedro Figueiredo: "Aos 16 anos, o Pedro tem uma maturidade avançada e é extremamente competitivo. Quer ganhar tudo e está sempre a olhar para o topo das tabelas classificativas. É lá que quer ver o seu nome. Por outro lado, é muito humilde. Aceita e aprende com os erros e é o mais sociável dos amadores europeus. Todos gostam dele"..O convite de Ballesteros para o Open de Madrid, as convocações para a selecção amadora da Europa e a bolsa que lhe foi oferecida em 2006 por uma empresa americana de construção de campos de golfe são exemplos de como o Mundo já olha com expectativa para o representante da Quinta do Peru, em Azeitão, o clube que sempre o apoiou e que provavelmente sempre representará, apesar de ter ficado sensibilizado com o presente de Luís Filipe Vieira, uma camisola do "seu" Benfica, personalizada com o seu nome nas costas por cima do simbólico n.º10 de Rui Costa.