Mulheres que dão luta

<p>Elas não são machonas nem brutamontes. Elas não calçam botas cardadas nem metem medo ao susto. Há mulheres que gostam de desportos de combate porque sim. Porque se divertem, porque gostam de se superar, porque se sentem mais seguras na rua e na vida. Porque sim. E também porque não. Porque não é preciso ser homem nem ter barba rija para gostar de dar murros e pontapés. Elas são quatro mulheres que dão luta. Mas que também usam bâton.</p>
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Krav maga

Alexandra Costa tem 25 anos, é advogada, e tem uma aparência feminina, terna e frágil. Pois sim. Ela é a prova viva de que as aparências iludem. Alexandra Costa é menina para se defender de golpes de facas, de bastões, de estrangulamentos frontais ou pela retaguarda. A Alexandra da saia curta e das botas de salto alto, a Alexandra das pestanas encaracoladas com rímel e da voz doce pode virar bicho e dar cabo de um gandulo em menos de um ai. Ninguém diria. Mas é verdade.

Foi há coisa de cinco anos que Alexandra Costa viu na televisão uma reportagem sobre o krav maga. Percebeu que havia uma aula aberta na cidade universitária, para dar a conhecer a modalidade, e decidiu experimentar. Não ficou logo doida pela coisa, mas o entusiasmo foi crescendo. Uma espécie de «primeiro estranha-se, depois entranha-se». No princípio não ia muitas vezes às aulas, até porque tinha dificuldade em conciliar com a Faculdade de Direito. Agora? Agora já concluiu o curso, está a fazer o mestrado e tem tempo para ir aos treinos três a quatro vezes por dia. E acha pouco: «Cheguei a treinar duas horas por dia, todos os dias... mas com o mestrado tive de reduzir.»

Para inteirar quem está, a esta altura, a pensar pousar a revista para ir ao Google à procura do significado de krav maga, aqui fica: o krav maga (lê-se krav magá) é um sistema de defesa pessoal criado por Imi Litchenfeld, que começou por aprender várias técnicas de luta para se proteger a si e aos seus vizinhos judeus das perseguições nazis, em plena Segunda Guerra Mundial. Imi vivia então em Bratislava, capital da Eslováquia, mas acabou por ir viver para Israel, onde se juntou à Haganah, a organização paramilitar da comunidade judaica que lutou para criar o Estado israelita. Imi ensinou as técnicas-base da defesa pessoal aos soldados. Em 1948 foi formado o Estado de Israel, que solicitou o desenvolvimento de um sistema de defesa pessoal da maior eficácia a Imi Lichtenfeld. Deu-se assim início à criação do krav maga, que é ainda hoje o sistema usado pelas forças israelitas.

Coisa séria, portanto. Coisa para homens de barba rija, diriam gentes mal informadas e cegas de preconceito. Alexandra não tem barba, nem rija nem mole, mas gosta da ideia de deitar por terra muito barbudo que se meta com ela. Porém, um dos princípios do krav maga é o de não utilizar o sistema para atacar ninguém, mas sim o de usá-lo como forma de salvar a vida. «Se me encostarem uma faca ao pescoço e pedirem dinheiro eu dou. Não me vou armar aos cucos. Só o faço se me deparar com um caso extremo, se estiver realmente em perigo de vida ou, por exemplo, numa tentativa de violação. Felizmente nunca tive de usar.»

Os amigos de Alexandra, claro, brincam com a ideia de ela ser uma espécie de agente do Mossad em potência. «Brincam, claro. Dizem aquelas coisas tipo "não me meto contigo", mas a verdade é que o facto de eu praticar krav maga não interfere em nada com a minha vida, não afastou ninguém de mim [risos]. A única coisa que mudou foi que, talvez inconscientemente, eu me sinta mais segura. Percebi que, apesar de ser baixinha, sou perfeitamente capaz de me defender. E que, mesmo sem estar armada, consigo dominar um atacante que seja mais forte e que tenha uma faca ou uma outra arma qualquer. E tal como eu, qualquer pessoa consegue. Desde que treine muito, que tenha autocontrolo e que saiba o que está a fazer.»

Quem não achou muita graça a ver Alexandra substituir as sombras nos olhos por nódoas negras foi a mãe. «Tinha medo de que eu saísse daqui lesionada, que me magoasse. Acho que é compreensível. Mas deu-me força para continuar e agora até já se acostumou a ver-me um bocado roxa, aqui e ali.»

O sonho de Alexandra Costa era entrar na Polícia Judiciária. Quando seguiu para Direito, já era esse o seu objectivo, e não teve nada que ver com as séries sobre investigações criminais, tão em voga na televisão. «Irrita-me um bocado essas modas. Eu quero ser da PJ desde criança. E, sim, o krav maga é mais uma ferramenta que poderia vir a usar, em caso de necessidade.»

Para já, e enquanto não anda à caça de bandidos perigosos, a meiga/feroz Alexandra vai treinando tantas vezes quantas pode. E já é cinto verde (a ordem é amarelo, laranja, verde, azul, castanho e negro, mas cintos castanhos em terras lusas ainda há muito poucos e negro só foi atingido pelo mestre Paulo Pereira, ícone maior do krav maga em Portugal), mas tenciona continuar a subir de graduação. Qualquer dia, nem uma liga Steven Seagal - Chuck Norris - Van Damme consegue fazê-la estremecer. Porque as aparências, muitas vezes, iludem. E não é pouco.

Muay thai

«O muay thai foi o maior amor que já tive. Não sei se existe amor à primeira vista nas relações entre as pessoas. Mas em relação a isto, sem dúvida. Assim que fiz a primeira aula fiquei logo apanhada. Adorei.» Catarina Valério tem 19 anos e uma colecção impressionante de vitórias, quer no muay thai quer no kickboxing, modalidades irmãs, mas o destaque maior vai para o título de campeã do mundo de muay thai, conquistado em 2007.

O muay thai, também conhecido por boxe tailandês, é uma arte marcial tailandesa com mais de dois mil anos. Reza a história que os tailandeses começaram por criar um método de luta chamado chupasart, que incluía diversas armas como espadas, facas, lanças, bastões, escudos, machados, arco e flecha, entre outros. Ora, como está bom de ver, no treino do chupasart havia acidentes até mais não, alguns dos quais muito feios. E terá sido para os evitar que foi criado um método de luta sem armas, precursor do muay thai. Nesta luta de contacto dá-se uso aos dois punhos, aos cotovelos, joelhos, canelas e pés. A forte preparação física é inquestionável. «E a superação diária também é extraordinária. Todos os dias consigo superar-me um bocadinho mais. E esse desafio é incrível.»

Catarina começou no Chakra Gym, em Mafra, em 2006. Tinha 15 anos e inscreveu-se sem o conhecimento dos pais. «No primeiro mês fui duas vezes por semana. No segundo mês, três vezes por semana. Para aí no quinto mês já fazia todos os dias. Hoje? Hoje treino todos os dias, de manhã e à tarde.» Catarina sorri ao recordar os seus primeiros treinos. «No início era menina... Era pequenina. Se me tocavam ficava logo de lágrimas nos olhos. Mas, no treino a seguir, lá estava eu outra vez. Eu queria muito evoluir. Queria muito! Por isso, aprendi a apanhar.»

Dina Pedro, a famosa Dina Pedro (tetracampeã do mundo de kickboxing e também campeã do mundo de muay thai) é a treinadora de Catarina. Foi ela quem deu a volta à menina que chorava quando levava um soco e a transformou na vencedora que dá muito mais do que leva. «A Dina começou a pegar em mim, começou a perceber que eu gostava mesmo disto, topou que eu levava o desporto a sério e nunca mais me largou. Ela é uma treinadora única e eu nunca irei conseguir fazer muay thai ou kickboxing sem ela. Foi ela que me criou, foi ela que me fez. É uma outra mãe. Tal como os meus pais me criaram socialmente, ela também me criou nesta área. O meu clube, o Dinamite Team, é a minha segunda família.»

Catarina não perdeu neurónios com as pancadas. É inteligente, esperta, boa conversadora. Está na faculdade, no segundo ano do curso de Estudos Europeus, mas se tiver de escolher entre o curso e o seu desporto não tem qualquer tipo de dúvida. «Nenhuma dúvida. Escolhia o muay thai e o kickboxing. Lamento. Isto é, como disse, o meu grande amor.» De resto, gostava muito de fazer Erasmus mas não pode. «Não posso porque não ia treinar com a Dina. E sem ela, não treino, acabou.»

Cada treino e cada combate são provas de superação. Ganhar é bom, mas é preciso saber perder. «Quando perco fico triste comigo porque sei que podia fazer mais e não fiz. Gosto muito de me superar. Pensar: "Ela até é melhor do que eu mas eu vou tentar, eu vou vencer. É querer, querer, querer muito."» Já fez 35 combates, venceu trinta. «Nunca levei um KO. Já dei alguns KO. Uma das minhas características é ganhar aos pontos na inteligência. Não vou à procura de um KO, porque um KO é um golpe de sorte. Aos 17 anos entrei para os seniores e passei a jogar com mulheres de 25-30 anos. Todas muito mais definidas muscularmente. Ora, elas queriam ganhar pela força, e eu sempre ganhei na inteligência.»

Quem levou um KO, no início, foram os pais de Catarina. «Digamos que não era o desporto de eleição deles [risos]. E depois viam o meu entusiasmo e perguntavam: "Mas porque é que vais todos os dias?" Agora têm orgulho e sabem que é mesmo aquilo de que eu gosto.» Quanto aos combates, os pais dispensam, muito obrigada. É emoção a mais, nervos de sobra, um filme de terror em que a filha é a protagonista. «Em 35 combates os meus pais foram ver aí uns quatro. E foi porque eu os obriguei! No início custava-me que eles não fossem. Agora custa-me mais quando vão, sinto uma pressão maior. E eu lido bem com a pressão que tenho comigo, mas não com a pressão de me exibir para os outros. O meu pai parece que está a combater: esbraceja, encolhe-se, levanta as pernas... A minha mãe, coitadinha, quase tem um ataque cardíaco.»

De tudo, talvez a única coisa que lhe custe sejam os olhos negros. Mas não é pela dor. Nem por ficar menos bonita, assim, de pálpebra deitada abaixo. É pelos olhares de pena de quem passa. «Olham para mim como que a dizerem: "Coitadinha, deve apanhar." É desconfortável. No outro dia estava a sentir-me tão mal com os olhares de comiseração que fui a uma loja de cosméticos e implorei: "Ensine-me a disfarçar isto!".»

É cedo, muito cedo, para falar em fim de carreira. Há atletas com 40 anos que estão em pleno vigor. Mas ela sabe que há-de ter de parar um dia. E espera ter o discernimento para saber sair do ringue na altura certa. «Quero combater até isto me dar prazer. Eu quero ser a melhor. Não é a melhor do meu bairro. Quero ser a melhor do mundo. Quero ir a qualquer parte do mundo sem ter medo de ninguém. Quero ir e fazer boa figura, independentemente de ganhar ou de perder. Por isso, quero combater até conseguir fazê-lo. Quando deixar de conseguir, aí pararei.» Com a garra que tem, é bem possível que Catarina só pare lá por volta dos 60 anos. Até lá ainda há-de coleccionar muita medalha.

Boxe

«Quando levei o primeiro soco? Se me doeu? Então não doeu! Ainda hoje dói. Ainda hoje me dá vontade de chorar, às vezes. Mas não choro. Dou outro. E ainda fico com mais raiva, para ripostar melhor. É quase como um reflexo. Dão-me e sobe-me a febre para dar a resposta.» Filipa Figueiredo, 23 anos, joga boxe há cinco anos. Começou por brincadeira mas gostou tanto que se tornou uma coisa séria. «Vivo com a minha avó e quando lhe disse que estava a treinar boxe ela nem queria acreditar. "Boxe, Filipa? Vais ficar toda musculada, que horror, faz outra coisa, faz natação!".»

Mas Filipa não queria natação. Queria a sensação de poder que o boxe dá. Sobretudo porque ela é uma mulher, porque é pequenina e magra, e porque consegue dar cabo de homens, altos e fortes. «Já pus um a sangrar, uma vez. Deu-me um gozo! Também já me puseram a mim a sangrar. Cheguei a casa, com a T-shirt toda suja de sangue e disse à minha avó: "Olha, vó, olha!" A minha avó limitou-se a abanar a cabeça: "Tu não tens vergonha, rapariga?" Não tenho. [risos]»

O boxe não carece de grandes explicações. Toda a gente sabe o que é, todos já viram o Rocky Balboa a aviar uns quantos. O que talvez não saibam é que o boxe foi considerado desporto olímpico, em 688 a.C., na 23.ª Olimpíada. Posteriormente, quando do ressurgimento dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, nas Olimpíadas de 1896, em Atenas, o boxe não foi incluído como uma das modalidades da competição. Só a partir das Olimpíadas de 1904 é que passou a fazer parte dos desportos eleitos.

Filipa tem uma vida que não parece uma vida, parece mais uma corrida. À tarde está na faculdade, no segundo ano do curso de Design, à noite trabalha como repositora numa loja de material de escritório e no tempo que lhe sobra dá murros em quem pode, no Complexo Desportivo Carlos Queiroz, na Outurela. «Trabalho para conseguir pagar o curso, que é muito caro. Antes treinava todos os dias. Agora só consigo vir à sexta-feira, que é a minha folga. E há um dia em que pedi para ficar com a manhã, no trabalho, só para conseguir treinar à tarde. Tenho muitas saudades disto.»

Filipa Figueiredo gosta do boxe mas nunca combateu. Garante que não está preparada, que precisava de treinar muito mais. «Para combater tenho de me aplicar a cem por cento. Não quero fazer má figura.» O treinador, o mítico António Ramalho (do ANRAM Boxing Club), treinador desde os 19 anos, encolhe os ombros: «É uma mariquinhas pé de salsa.» Depois, ri-se. «Já me apareceu aqui muita gente. Em termos técnicos ela é mesmo muito boa, e não o digo por ela estar aqui. A Filipa e a Dina Pedro foram as pessoas que me apareceram aqui com mais qualidade.»

O elogio não podia ser maior. A comparação com Dina Pedro faz Filipa corar, mas António Ramalho reconhece que lhe falta, ainda, muito treino: «Gostava que ela jogasse a sério, que combatesse. Mas não tem sido compatível por causa da escola.»

A ideia de que o boxe é coisa para homens, de preferência feios, porcos e maus, é errada e velha, caduca. As coisas mudaram muito. Antigamente, quando se jogava sem protecções, havia muito sangue e canas do nariz partidas. Hoje há capacetes, coquilhas (para a zona genital) e até protecções para o peito das senhoras. Claro que há alguma violência, caso contrário não era boxe. Mas nada que atemorize as mulheres que praticam o desporto, que ainda são poucas mas que têm tanta garra como qualquer homem. Claro que as piadas ainda são típicas. «Fazes boxe? Então deixa-me cá ficar caladinho antes que me dês uma pêra.» Filipa ri-se. Gosta dessa aura que a modalidade lhe confere, não nega. E também confessa que se sente muito mais segura, desde que sabe dar traulitadas em machões: «Ando pela rua à noite, saio à meia-noite do meu emprego, em Alfragide, e vou a pé para casa, que é no Alto dos Barronhos, Nova Carnaxide. É perigoso. Claro que não posso dizer que o boxe me vai safar, mas sinto-me mais confiante. Se alguém me atacar, sou a primeira a saltar em cima!»

Kickboxing

Um amigo tinha outros amigos que praticavam kickboxing. E um dia disse-lhe: «E se experimentássemos?» Ela riu-se. Kickboxing? Sempre tinha feito ballet. Por paixão, por influência da mãe, bailarina da Companhia Nacional de Bailado (CNB). Sofia Silva tem 27 anos, é arquitecta, e parece uma bonequinha. Magra, bonita, de cabelos longos e voz delicada. Podia ser uma daquelas bailarinas das caixinhas de música, se essas não fossem quase sempre loiras. Com um sorriso enorme, Sofia é a última pessoa que podíamos imaginar aos socos e pontapés. «Fiz a Royal Academy of Dance até ao fim, até ter 18 anos. Também dancei no centro de formação para bailarinos na CNB e fiz os níveis todos, até ao fim. Mas não tinha corpo. Para se ser bailarina é preciso ter o ratio perfeito. Ora, eu sempre tive a perna curta, a anca larga. Não dava, por muito que gostasse.»

É mentira, mas está bem. Sofia até pode não ter corpo para o ballet mas anca larga é que não. Adiante. Quando experimentou a aula de kickboxing não ficou logo convencida. Dina Pedro, treinadora do grupo, estava na Tailândia, e por isso Sofia acabou a treinar com outra pessoa. Mas, na vez seguinte, Dina já tinha chegado: «E a partir desse dia ela passou a ser a minha heroína. Fiquei deslumbrada com a maneira de ser dela, com o modo como ela me cativou e me integrou na equipa. Nessa altura, eu tinha acabado de entrar para a faculdade, fumava um maço de tabaco por dia, tinha mais uns dez quilos do que tenho agora. Quando comecei a conversar com ela fiquei logo cheia de vontade de começar a trabalhar no kickboxing, de aprender, de evoluir. É um dom que ela tem. E pronto. Fui treinando e comecei a entusiasmar-me com os resultados. Comecei a sentir-me bem fisicamente. Porque este desporto mexe o corpo todo. É muito intenso.»

Foi há sete anos. Ao princípio treinava em Algés, duas vezes por semana. Ao princípio ficava desorientada de cada vez que levava um soco ou um pontapé. Atordoada. Como se nem percebesse bem o que é que lhe tinha acontecido. «Os meus pais nunca me bateram. Nem nunca me levantaram a mão. Nada! Não sabia o que era levar um estalo, sequer. E eu fui-me meter num sítio onde toda a gente me queria bater [risos]. Mas vai-se aprendendo a levar. É preciso ter humildade para encaixar. Só assim se tem discernimento para responder. Vamos aceitando.»

Sofia diz que esta aprendizagem, de aceitar a pancada para depois saber ripostar, é uma espécie de metáfora para a vida. «Aprende-se a engolir sapos. Aprende-se a apanhar da vida. Isso, eu aprendi com o kickboxing: a dar o passo por cima e a continuar em frente, trabalhando cada vez mais para não se repetir os mesmos erros. As pessoas pensam que isto é só pancadaria mas não é nada disso. Há uma aprendizagem que pode e deve repercutir-se na vida real.»

A primeira competição foi uma carga de nervos. Mas o pior foi ter de ficar de cuecas e top à frente de uma série de gente, para ser pesada. «Isso, dispensava», confessa. Mas os combates correram-lhe quase sempre bem. Em oito competições ganhou cinco, perdeu duas e houve um empate. Sobre a sua equipa, Dinamite Team, só pode dizer bem: «Há uma união espectacular, é como se fôssemos uma família.»

Os pais sofrem horrores. A mãe, bailarina, não consegue entender como é que a sua filha única tem gosto nessa coisa bruta de pancadaria, como é que suporta parecer um dálmata, sempre com manchas negras por todo o corpo. O pai não se expressa, mas preferia seguramente vê-la montar a cavalo, coisa que fez durante muito tempo. «Tem graça porque sempre estive muito mais em perigo nos cavalos do que aqui. Mas, claro, esteticamente, para quem vê, o impacte de combater é completamente diferente de dominar um animal.»

Além do kickboxing, que pratica (na Academia de Fitness e Artes Marciais, em Alcântara) às segundas, quartas e sextas, durante uma hora, Sofia dança flamenco na Xuventude de Galicia, às segundas, quartas, quintas (uma a duas horas) e sábados (três horas e meia). E, claro, trabalha. É arquitecta e está a terminar o estágio para a Ordem. Sobra-lhe pouco tempo para mais. Mas é assim que gosta de viver, intensamente. Aceitando a pancada do dia-a-dia e retribuindo na mesma moeda.

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