Uma mulher, de 63 anos, morreu carbonizada na sequência do incêndio que deflagrou na habitação onde vivia com o companheiro e uma tia do mesmo, no número 21 da Rua Cimo de Vila, em Ílhavo. Os idosos viviam sem energia eléctrica, que tinha sido cortada por falta de pagamento, e uma vela acesa terá originado o fogo..O companheiro, de 71 anos, foi transportado para o hospital com grande parte do corpo queimado e a tia, de 83 anos, sofreu apenas ferimentos ligeiros. Os bombeiros acudiram de imediato ao pedido de socorro dos vizinhos, que chegou ao quartel às 21.55. A electricidade tinha sido cortada e, segundo os vizinhos, as vítimas da tragédia "viviam agora à luz das velas", o que poderá ter estado na origem do incêndio. Outra das razões apontadas pelos familiares poderá ser o facto do companheiro de Lurdes muitas vezes fumar no quarto e apagar o cigarro em "qualquer lado"..A chegada das viaturas de combate a incêndio causou grande alarido naquela rua, onde dezenas de vizinhos e curiosos saíram de suas casas para ver o que se passava. Quando a equipa de socorro chegou, o primeiro andar e a parte superior da cozinha estavam a ser consumidos pelas chamas. O cheiro a fumo sentia-se a largos metros da habitação..Paulo, um dos três filhos de Lurdes, a vítima mortal, foi dos primeiros familiares a chegar ao local. "Dizem que foi uma vela que originou o incêndio. A minha mãe ainda está lá dentro e o quarto onde ela estava já desabou", desabafou com o DN, visivelmente emocionado, momentos antes de lhe ser confirmado o óbito. .Os vizinhos lamentavam o sucedido. "Ela teve um AVC e agora não andava. Já deve estar como um carvãozinho", desabafava uma vizinha que não quis ser identificada. "Durante esta semana vieram cortar a luz e eles agora estavam à luz das velas. Deve ter sido isso que originou o incêndio", contou ao DN Agostinho, vizinho da família. .José Moniz, comandante adjunto dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, confirmou ao DN que "a baixada da luz estava cortada e, como tal, não existe a hipótese de curto--circuito". A mesma fonte informou o DN que o cadáver de Lurdes "foi encontrado no meio dos escombros, já na fase de rescaldo, quando estava a ser feita a ventilação". .Fernando, companheiro de Lurdes, terá saltado pela janela do quarto, no primeiro andar, para se salvar. "Na parte de fora da casa, uma das equipas de primeira intervenção encontrou uma vítima, um homem totalmente queimado", disse ao DN o comandante adjunto dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo. Depois de transportado para o Hospital Infante Dom Pedro, em Aveiro, o homem foi transferido para a Unidade de Queimados dos Hospitais da Universidade de Coimbra. A irmã deste , contactada pelo DN, afirmou que Fernando se encontrava em coma. .A primeira vítima a ser salva foi Deolinda, a mulher de 83 anos transportada para o hospital de Aveiro em estado de choque, mas sem ferimentos de maior. "O meu pai viu faúlhas a sair da casa, chamou um senhor para ajudar e foram salvar a senhora que estava no rés- -do-chão. A mulher avisou que estavam mais duas pessoas na casa e os outros vizinhos chamaram os bombeiros", explica ao DN Marco, residente a escassos metros. No local estiveram os Bombeiros de Ílhavo com oito viaturas e 23 elementos, a GNR local e a PJ de Aveiro. .Conhecidos da família disseram ao DN que era habitual o companheiro da vítima usar o dinheiro das pensões de ambos para gastos pessoais. A factura da electricidade ficava por pagar.