Muitas semanas até ouvir a família Espírito Santo

O PCP queria começar as audições na comissão de inquérito pela família Espírito mas os restantes partidos ignoraram - o governador do Banco de Portugal será o primeiro depoente, dia 17.
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A comissão parlamentar reuniu esta tarde e estabeleceu uma primeira calendarização indicativa dos trabalhos.

Os primeiros a ser ouvidos serão os reguladores (Banco de Portugal, CMVM e Instituto dos Seguros de Portugal). Este primeiro grupo inclui também Vìtor Constâncio (na dupla qualidade de ex-governador do Banco de Portugal e atual vice-presidente do Banco Central Europeu).

O segundo grupo será constituído pela atual ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e por dois dos seus antecessores, Vítor Gaspar e Teixeira dos Santos.

Depois, no terceiro grupo, estão os responsáveis da troika em Portugal e ainda responsáveis da Comissão Europeia. No quarto, gestores do BES e do grupo, bem como os auditores. E só no quinto, a família Espírito Santo.

Esta calendarização, ainda sem data exatas definidas - porque é preciso acertá-las com os depoentes - deixa por enquanto de fora várias outras personalidades. Por exemplo, Carlos Moedas (agora comissário europeu), Paulo Portas, ou os outros dois ministros convocados (Paulo Macedo e António Pires de Lima), bem como vários ex-ministros do tempo de Sócrates (das pastas da Saúde e da Economia).

Também ainda não foi "encaixado" nos agendamentos o testemunho do construtor civil José Guilherme (que terá pago a Ricardo Salgado uma generosa comissão por este lhe ter aberto portas para negócios em Angola).

Através do seu coordenador na comissão, Carlos Abreu Amorim, o PSD enalteceu o "começo auspicioso dos trabalhos".

A expressão é do deputado Carlos Abreu Amorim, coordenador do PSD na comissão, e foi dita no final de reunião de hoje, que aprovou o regulamento e agendou para dia 17 de novembro a primeira audição.

"Há uma coisa que nos une: procurar a verdade dos factos", salientou pelo seu lado o presidente da comissão, o social-democrata Fernando Negrão.

Pedro Nuno Santos, do PS, sublinhou o "compromisso com o apuramento da verdade e com a necessidade de se fazer luz sobre este processo".

Já Cecília Meireles do CDS disse que "em nenhuma legislatura se realizaram tantos inquéritos como nesta", e é importante haver um "foco" na procura da verdade numa comissão "extraordinariamente vasta" no seu alcance.

Mariana Mortágua, parlamentar do BE, lembrou o compromisso do partido na descoberta de "toda a verdade", inclusive nas ligações do BES e GES "ao poder político".

O PCP, que propôs a comissão, diz que "contribuirá para a credibilização do inquérito parlamentar e para a utilização deste importante instrumento no sentido da clarificação de responsabilidades políticas ou de outra ordem". Miguel Tiago deixou ainda claro que o seu partido denunciará todos os "bloqueios" que eventualmente surjam.

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