O Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa tem em curso seis inquéritos sobre as actividades dos skinheads..Os crimes imputados passam sobretudo pela exibição de símbolos neonazis (proibidos pela Constituição). Um dos processos está relacionado com a sinalização de "alvos" num fórum da Internet e outro, já com despacho de acusação, está relacionado com confrontos entre os skins e "okupas" em 2003, em Queluz..Este inquérito teve, paradoxalmente, o condão de estreitar as relações entre estas duas facções antagónicas. O processo foi aberto na sequência de agressões atribuídas aos skins que um grupo de "okupas" sofreu no interior de um antigo edifício dos CTT em Queluz. Só que os "okupas" acabariam por retirar a queixa, mas o Ministério Público manteve o inquérito aberto pela acusação de discriminação racial e religiosa, que é um crime público..Aliás, o afastamento entre os grupos não é assim tão linear como poderia parecer à primeira vista. Na página da Internet Fórum Nacional vem descrita uma situação em que os "okupas" terão dado conhecimento aos skins de uma investigação em curso da GNR de Loures. Ora, este sinal de "boa vontade" do "inimigo político" foi logo retribuído com um decreto a partir daí "cessaram a nosso pedido para a comunidade skinhead e nacionalista mais radical os ataques às casas ocupadas que não albergassem sharps (cabeças rapadas de extrema-esquerda)"..claques. A Secretaria de Estado do Desporto tem estado atenta ao fenómeno da infiltração da extrema-direita nas claques. A garantia foi dada ao DN pelo secretário de Estado Laurentino Dias, adiantando que um elemento do seu gabinete tem acompanhado o trabalho da PSP "quer em reuniões, quer no terreno". Neste iniciativa incluiu-se a recolha de informações sobre a presença de grupos neonazis nas claques. Na Juve Leo, o Grupo 1143 está há muito identificado, sendo que a PSP também já identificou elementos ligados à extrema-direita na claque Diabos Vermelhos, do Benfica, e pequenos focos no Super Dragões, do FC Porto. Laurentino Dias pretende dar outro impulso ao Conselho Nacional contra a Violência no Desporto (CNVD), uma estrutura criada pela Lei 16/2004 e que, entre outras competências, pode determinar o encerramento dos estádios. Uma das matérias que o secretário de Estado pretende ver resolvidas prende-se com o registo das claques (ver DN de 23 de Outubro). Mas, disse ao DN, "antes de qualquer iniciativa legislativa é preciso conhecer por dentro a realidade"..A única claque que efectuou o registo no CNVD foi a Torcida Verde do Sporting Clube de Portugal. Este registo incluiu uma ficha individual dos adeptos que compõem as respectivas claques, mas a PSP tem encontrado diversas resistências. Por exemplo, apesar de acompanharem o Belenenses como claques de apoio, num fax enviado por este clube ao Comando Metropolitano de Lisboa, a que o DN teve acesso, a direcção afirma que "não reconhece a existência de qualquer grupo organizado de adeptos, designadamente a Fúria Azul e os Fanáticos 1919". .A preocupação da PSP estende-se também ao facto de algumas claques estarem claramente referenciadas como pequenos exércitos urbanos, ou "guardas pretorianas" de alguns dirigentes desportivos.