Moedas quer Centro Ibérico da Ryanair de 50 milhões de euros em Lisboa

Companhia aérea está a estudar a construção de um Centro de Treino Ibérico no Porto ou em Madrid, mas Carlos Moedas quer esse investimento feito em Lisboa.
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Carlos Moedas quer fintar o Porto e Madrid e levar para Lisboa o novo Centro de Formação da Ryanair, orçado em 50 milhões de euros. A low cost irlandesa está a estudar a melhor localização para construir um novo centro de treino na Península Ibérica e na equação estão, para já, a Invicta e a capital do país vizinho.

O futuro empreendimento foi anunciado no passado mês de setembro, pelo CEO da companhia, Michael O"Leary, que deixou claro que o desempate entre as duas cidades irá depender dos incentivos e das condições oferecidas. Lisboa não entrou na equação porque a capacidade da Portela está esgotada e o crescimento da Ryanair na capital estagnou devido à falta de slots. Já a norte, a transportadora irlandesa é a companhia aérea número um a operar no aeroporto Francisco Sá Carneiro, pelo que, estrategicamente, e com um horizonte de crescimento à frente na Invicta, faz mais sentido, estrategicamente, investir num centro no Porto. Mas Carlos Moedas não concorda e admite que quer captar o investimento para a capital.

"Farei tudo o que puder para que a Ryanair estabeleça aqui mais um centro de inovação em Lisboa. Vamos tentar estar nesta corrida. É uma concorrência não entre cidades do mesmo país, mas entre cidades de toda a Europa", admitiu ontem aos jornalistas, à margem cerimónia que assinalou o 20.º aniversário da transportadora a operar em Portugal.

Apesar de as duas cidades portuguesas quererem entrar na corrida, a vizinha Espanha poderá chegar primeiro à meta. O presidente executivo da companhia, que confirmou que, até ao final deste ano, a localização do projeto ficará definida, assumiu que o país vizinho apresenta vantagens face a Portugal, nomeadamente no que respeita aos custos. "Madrid está melhor conectada e é mais barato ter engenheiros lá", apontou Eddie Wilson.
Além da Península Ibérica, a companhia de baixo-custo irlandesa está ainda a estudar a abertura de um segundo Centro de Formação na Polónia ou na Eslováquia. O investimento faz parte da estratégia de crescimento da transportadora que pretende contratar mil pilotos nos próximos oito meses e três mil tripulantes de cabine até ao próximo verão.

Ryanair entra no Beato
A apenas dois dias da apresentação oficial da Unicorn Factory Lisboa, Carlos Moedas conseguiu convencer os irlandeses da Ryanair a juntar-se àquele que apelida de o seu "grande projeto de inovação". O CEO e o presidente executivo da low cost estiveram ontem de manhã na capital, para a cerimónia que assinalou o 20.º aniversário da transportadora a operar em Portugal, e o presidente da Câmara de Lisboa não perdeu a oportunidade. A conversa começou cedo e acabou com um aperto de mãos.

"Vamos anunciar esta semana a Fábrica de Unicórnios, aquele que é o meu grande projeto de inovação, para que Lisboa seja a capital da inovação da Europa, e hoje tive a boa notícia de que a Ryanair vai participar também neste projeto", confirmou o autarca aos jornalistas, à margem do evento.

A Unicorn Factory Lisboa irá nascer no Hub Criativo do Beato e a primeira apresentação pública do projeto está marcada para amanhã de manhã. Além de Moedas, estarão presentes o fundador da Web Summit, Paddy Cosgrave, e o diretor executivo da Startup Lisboa, Gil Azevedo.

A biotecnologia, os recursos humanos ou a aviação são algumas das áreas daquela que será a nova casa que irá colocar frente-a-frente startups em início de vida e gigantes dos negócios. "A Unicorn Factory Lisboa será a casa desse crescimento para que as empresas pequenas possam ser grandes com a ajuda de grandes empresas, com experiência na inovação, como é o caso da Ryanair. Mais do que o valor [investido] é a capacidade de colaboração. Queremos dar oportunidade às pequenas empresas de poderem trabalhar com estas grandes empresas e fazer com que a economia aconteça", adiantou o presidente da autarquia.

Novo aeroporto
O autarca aproveitou a sua intervenção para apelar, uma vez mais, a uma decisão sobre a construção de um novo aeroporto na capital portuguesa. "Precisamos de um novo aeroporto e já. Precisamos de um novo aeroporto e precisamos dessa decisão. O presidente da Câmara de Lisboa estará aqui para decidir, para ajudar na decisão, para estar do lado da decisão. Mas nós precisamos de um novo aeroporto já para Lisboa, um novo aeroporto internacional", reiterou.

Carlos Moedas elogiou ainda a operação de duas décadas da Ryanair no país, aplaudindo o impacto do negócio da transportadora nas contas nacionais. Segundo dados de um relatório da PWC, apresentado pela low cost, os gastos dos turistas que chegam a Portugal com a Ryanair têm um impacto anual de mais de dois mil milhões de euros no PIB nacional.

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