Ministra da Defesa admite "agir em conformidade" após saber as causas da explosão em Santa Margarida

A ministra da Defesa, Helena Carreiras, garante que os feridos da explosão no Campo Militar de Santa Margarida estão "a recuperar bem" e diz que "é tempo de apoiar" a família do militar morto.
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Helena Carreiras, ministra da Defesa Nacional, disse este sábado, em Matosinhos, que os feridos da explosão ocorrida na quinta-feira no Campo Militar de Santa Margarida, estão "a recuperar bem", tendo quatro deles já sido transferidos para o Hospital das Forças Armadas.

A explosão no Campo Militar de Santa Margarida, em Constância, provocou um morto, dois feridos graves e três feridos ligeiros.

Segundo Helena Carreiras, de visita à feira Qualifica, na Exponor, apenas um dos feridos mantêm-se no Hospital de São José, em Lisboa, "para uma intervenção" cirúrgica.

"É o tempo de apoiar a família da vítima mortal que, infelizmente, tivemos e é o tempo de demonstrar solidariedade com todos os militares, porque são situações duras, trágicas, que temos de evitar, mas são acidentes que podem acontecer numa profissão e numa instituição como as forças armadas", disse a ministra.

A ministra da Defesa acrescentou: "Haverá depois o tempo de olhar para os resultados do processo de averiguações em curso, o próprio Exército abriu de imediato um inquérito de averiguações, a Polícia Judiciária militar foi para o terreno logo no início e o próprio Ministério Público abriu também já um inquérito".

"Portanto, vamos ter uma informação que nos permita identificar a origem deste acidente e naturalmente depois tirar as consequências e agir em conformidade", frisou.

Em comunicado, o Exército referiu que ocorreu uma "explosão inadvertida", cerca das 16:40, de quinta-feira, durante uma operação de desativação de engenhos explosivos, que estava a ser realizada por uma equipa de desativação do Regimento de Engenharia N.º1 "para a destruição, no local, de munições e explosivos e foguetes".

Helena Carreiras garantiu ainda que o processo de transição das antigas instalações do Quartel de Manutenção Militar do Porto para o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) está "em vias de se concretizar".

O objetivo, explicou a ministra, é permitir que as instalações sejam disponibilizadas em programas de arrendamento económico.

O Exército Português reforçou as vedações em diversos pontos das antigas instalações do Quartel de Manutenção Militar do Porto, habitualmente frequentadas por toxicodependentes.

"Agimos no sentido de reforçar a vedação dessas instalações, como já tinha acontecido no passado. São edifícios que estão já em processo de transição para o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana com vista a serem disponibilizados em programas de arrendamento económico e isso está em vias de se concretizar", afirmou.

Contudo, acrescentou, "temos de garantir a segurança das instalações e isso tem sido feito num trabalho de cooperação com a Câmara Municipal e creio que continuaremos a fazê-lo. O próprio Exército tem feito rondas para vigiar, continuaremos a trabalhar em conjunto nesse sentido".

Este processo, acrescentou, permitirá concretizar um "desígnio tão importante" como a disponibilização de habitação para arrendamento acessível, mas também colocar termo a potenciais situações de ocupação indevida.

Numa carta enviada a 26 de janeiro à ministra da Defesa, a que a Lusa teve acesso, o presidente da Câmara Municipal do Porto apelou ao ministério que se adotem medidas para resolver o "grave problema de segurança" do Quartel de Manutenção Militar e da Casa da Superintendência.

Rui Moreira afirma que, apesar das "sucessivas intervenções por parte dos serviços municipais", os obstáculos colocados para impedir o acesso aos edifícios, que estão sob a alçada da Direção-Geral dos Recursos da Defesa Nacional, "foram vandalizados" e os espaços "continuam a ser frequentados por toxicodependentes".

Em 16 de setembro de 2021, o Conselho de Ministros aprovou a desafetação do domínio público hídrico e militar do Trem do Ouro e da Casa do Lordelo do Ouro cuja utilização se destina a habitação acessível, a desenvolver pelo Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU).

A ministra da Defesa Nacional visitou a feira Qualifica para demonstrar a importância que a tutela atribui "a esta dimensão das qualificações e da divulgação das profissões da defesa nacional".

"São mais de 130 profissões que oferecem aos jovens uma valorização profissional, para o seu futuro. É importante divulgar e comunicar bem estas grandes oportunidades que estamos a oferecer e o trabalho que está a ser feito de alinhamento da formação e qualificações da defesa nacional, nos vários ramos, com o sistema nacional de qualificações", considerou Helena Carreiras.

A feira Qualifica, que se dedica ao debate sobre Educação, Formação, Juventude e Emprego e teve como tema "Create the Future", contou, nos quatro dias do evento, que terminou este sábado, com a presença dos três ramos das Forças Armadas Portuguesa.

"É uma das medidas do nosso plano de ação para a profissionalização do serviço militar e temos uma estratégia, a ser agora desenvolvida, para completar esse trabalho que já vem de trás, para garantir que os jovens que vêm para Forças Armadas recebem uma formação que é certificada, com a qual podem depois, no mercado de trabalho, encontrar uma inserção mais fácil", disse a ministra.

De acordo com Helena Carreiras "este [Qualifica] é o lugar onde se faz este trabalho e muito bem" e onde é apresentada "essa variedade de oportunidades profissionais que as forças armadas oferecem".

"Temos um desafio de recrutamento mas, sobretudo, de retenção. Estamos a lidar com esse desafio exatamente com este plano de ação para a profissionalização do serviço militar", sustentou.

Este plano de ação, segundo explicou, tem três eixos, o eixo de recrutamento, um conjunto de medidas para reforçar o interesse dos jovens pelo serviço militar e um conjunto de incentivos que têm que conhecer na perspetiva de depois poderem transitar para o mercado de trabalho.

"Depois temos o eixo da retenção, melhorando todas as condições do serviço militar, designadamente esta da qualificação, mas também as condições do próprio serviço, as condições de habitabilidade, as condições que têm a ver com o fardamento e a possibilidade de durante o serviço militar poderem estudar. Enfim, uma variedade de estímulos que nos vai permitir, esperamos, reter melhor estas pessoas", referiu.

O terceiro eixo, o da transição, "exige ligações com as várias instituições, com as quais temos protocolos, que temos de reforçar no sentido de cooperar mais e melhor com essas outras instituições da sociedade, que são parceiros naturais das forças armadas, porque estamos todos a servir os mesmos interesses, que são o interesse do país e dos jovens".

A Qualifica contou com mais de 140 expositores que representaram uma "montra" do panorama atual a todos os visitantes -- jovens, professores e familiares --, para que levassem desta experiência novas visões e perspetivas.

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