Mineiro chileno vedeta na Maratona de Nova Iorque

Etíope Haile Gebrselassie, bicampeão olímpico  dos dez mil metros, estreia-se hoje na famosa corrida nova-iorquina
Publicado a
Atualizado a

Edison Peña, um dos 33 mineiros chilenos que passaram 69 dias soterrados na mina de San José, é a principal atracção da Maratona de Nova Iorque, que se realiza hoje (14.40 em Lisboa). O célebre mineiro, um admirador confesso de Elvis Presley, foi convidado pela organização para assistir à prova. Todavia, quando chegou à cidade afirmou que queria correr os 42 quilómetros e 195 metros da famosa competição nova-iorquina.

"É um desafio. Decidi participar para sentir a emoção e demonstrar que posso fazê-lo", referiu na conferência de imprensa de apresentação da corrida.

Peña, de 34 anos, é conhecido como o mineiro-atleta e durante o tempo em que esperou pelo regresso à superfície corria dez quilómetros diariamente nas galerias subterrâneas, guiado pela luz do capacete, como forma de combater a ansiedade.

Começou por correr com as botas de mineiro, e só quando foi aberto um canal para enviar abastecimentos é que passou a treinar com uns ténis. Como as botas chegavam até aos joelhos, teve de as cortar para ficaram mais leves e deste modo poder movimentar-se mais facilmente.

"Quando corria na escuridão, estava a correr pela vida. Corria para mostrar que não estava apenas a esperar, queria também que Deus visse que realmente queria viver", explicou Peña.

O mineiro chileno afirmou que espera completar a Maratona de Nova Iorque em "seis horas"- o recorde é de 2.07.43 horas.

"Tenho uma lesão no joelho por ter estado na mina, mas estou ávido por cruzar a linha de chegada. Espero que a imprensa não vá destruir-me caso não consiga suportar a dor no joelho", acrescentou.

Entre 5 de Agosto e 13 de Outubro, os 33 mineiros estiveram isolados do resto do mundo. Só após 17 dias de buscas é que se soube que estavam vivos. Seguiu-se depois o processo de resgate, sendo que Peña foi o 12.º mineiro a sair da mina de San José situada no Norte do Chile.

A empresa organizadora da Maratona de Nova Iorque decidiu convidá-lo quando soube que ele corria nas galerias para manter a forma. A ideia inicial era conceder- -lhe um papel protocolar, mas os organizadores ficaram admirados quando as autoridades consulares chilenas lhes comunicaram que Peña queria disputar a corrida.

Depois da maratona, o mineiro chileno vai a Graceland, o rancho do cantor Elvis Presley falecido em 1977, prestar homenagem ao seu herói musical.

Edison Peña tinha à sua espera à saída do avião em Nova Iorque o etíope Haile Gebrselassie, detentor do recorde do mundo da maratona (2.03.59 horas). O bicampeão olímpico dos dez mil metros (1996 e 2000), de 37 anos, teve de partilhar o protagonismo com o mineiro chileno, dado que os repórteres estavam mais interessados na história de Peña.

O corredor etíope estreia-se na prova nova-iorquina: "Era um dos meus sonhos participar nesta fabulosa corrida, estou contente por ir corrê-la pela primeira vez", salientou.

O objectivo do atleta etíope é bater o recorde do percurso de Nova Iorque, todavia, para concretizar essa tarefa terá de se bater com vários adversários de alto nível. Por exemplo, o americano Meb Keflezighi, o brasileiro Marilson Gomes dos Santos, os quenianos Robert Kipkoech Cheruiyot e Abel Kirui, o marroquino Abderrahim Goumri e o sul-africano Hendrick Ramaala. "Com tal grupo de atletas, acredito que somos capazes de fazer uma corrida que poderá ficar na história", comentou Gebreselassie.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt