Militares vão debater medidas de austeridade no sábado
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas (AOFA), Manuel Pereira Cracel, apontou o congelamento das promoções, a redução de efectivos, a suspensão dos subsídios de férias e Natal ou os cortes na Assistência Médica aos Militares como exemplos de medidas que afectam especialmente os militares e as Forças Armadas, considerando que ou estão a ser adoptadas por "pessoas distraídas" ou "com o propósito de desarticulação ou descaracterização das Forças Armadas".
Para o coronel Pereira Cracel, está a criar-se uma situação em que "a dignidade" dos militares está a ser "posta em causa", que é "inaceitável" e que o próprio "povo português" deve "recusar liminarmente". "As Forças Armadas, no limite, são o pilar de defesa da nossa soberania, da nossa pátria. Isto não é panfletário. É o que resulta do que está a acontecer aos militares e à própria instituição militar", afirmou o presidente da AOFA. Pereira Cracel não quis adiantar que eventuais formas de protesto serão ponderadas pelos militares no encontro de sábado, em Lisboa, já que resultarão do próprio debate, sublinhando apenas que "o que lhes vai acontecendo resulta em alguma revolta e indignação".
"Os governantes dizem insistentemente que somos todos responsáveis pela situação a que as coisas chegaram. Nós entendemos que isso não é assim. Se isso não é verdade para a generalidade dos cidadãos, garantidamente não é para os militares em particular", afirmou. Para o presidente da AOFA, "nas alturas de abundância, em que são distribuídas rendas e benesses", os militares mantêm-se sujeitos a restrições, por não terem "meios de fazer pressão sobre quem tem o mando". Depois, nas "alturas em que as crises surgem aí são chamados a participar e às vezes em condições que os penalizam ainda mais do que aos restantes cidadãos", acrescentou.
Além da AOFA, convocam este encontro nacional de militares, no sábado, às 15:00, no auditório do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), a Associação Nacional de Sargentos e a Associação de Praças das Forças Armadas.