Os dados constam de um relatório elaborado pela Fundação Mo Ibrahim, que promove a boa governação em África, e que servirá de base às discussões da iniciativa "Ibrahim Governance Weekend", que decorre em Abidjan, na Costa do Marfim, no próximo fim de semana..O relatório, elaborado anualmente como suporte às discussões do fórum, pretende oferecer uma perspetiva africana sobre as migrações, destacando que estas ocorrem sobretudo dentro do continente africano, contrariamente à perceção dos países ocidentais, e são motivadas pela falta de oportunidades de emprego, mais do que por questões de segurança..Em 2017, dos 36,3 milhões de migrantes africanos registados, 25,7% viajaram para a Europa, 12,2% para a Ásia e 53,4% permaneceram em África, destaca o estudo. .Se por um lado, 90% dos migrantes do norte de África foram para a Europa ou Ásia, 70,3% dos da África subsaariana saíram para outro país dentro do continente..A União Europeia acolhe 9,1 milhões de migrantes africanos, 5,1 milhões do Norte de África e 4 milhões da África subsaariana..A França recebeu a maior percentagem de migrantes africanos (10,5%), mais do que qualquer país de África..No continente africano, a África do Sul foi o país que recebeu a maior percentagem de migrantes (6,1%), seguido da Costa do Marfim (5,8%) e Uganda (4,4%)..A Ásia é o segundo maior destino fora de África, acolhendo 4,4 milhões de migrantes, na sua larga maioria trabalhadores temporários do Egito e da África Ocidental a viverem nos países do Golfo e na Jordânia..Os migrantes africanos são maioritariamente jovens e com formação e 80% são movidos pela expetativa de melhores perspetivas económicas e sociais..A insegurança não é o principal fator nas migrações, com os refugiados a representarem 20% do total de migrantes e a ficaram na sua grande maioria (90%) no continente..O documento aponta, por outro lado, que se tivessem oportunidade mais pessoas mudariam de país, e quando questionados sobre o destino, 34% de inquiridos de 34 países africanos responderam que ficariam no continente, enquanto 48,4% asseguraram que viajariam para a Europa ou para a América do Norte. .O evento de três dias reúne, numa capital africana a cada ano, líderes políticos e empresarias, representantes da sociedade civil, instituições regionais e multilaterais, bem como os principais parceiros internacionais de África "para debaterem um tema crucial para o continente", segundo a organização..Este ano, o encontro pretende homenagear o legado do antigo secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan, falecido em 2018, e é dedicado aos desafios e oportunidades das migrações e à sua relação com as expetativas de emprego e mobilidade dos jovens africanos.."Juventude Africana: Empregos ou migração?" é a proposta para a discussão que pretende, desde logo, reposicionar o debate sobre as migrações, desmistificando alguns dos aspetos e apresentando a perspetiva africana, segundo a organização.. A ex-Presidente da Libéria e prémio Nobel da Paz, Ellen Johnson Sirleaf, o músico e ativista irlandês Bono e o antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano são alguns dos convidados..O evento inclui, além do Fórum Mo Ibrahim, o Fórum Nova Geração, um encontro de líderes emergentes e jovens profissionais..A fundação foi criada em 2006 pelo empresário de origem sudanesa Mo Ibrahim para promover a boa governação e a liderança em África..Anualmente, a fundação publica um índice que avalia a governação nos países africanos e atribui o Prémio Mo Ibrahim para a boa governação, com o qual já foram distinguidos os antigos presidentes de Moçambique e Cabo Verde, Joaquim Chissano (2007) e Pedro Pires (2011), respetivamente..Em 2017, o prémio, que tem o valor de 5 milhões de dólares, foi entregue à ex-Presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf.