Nem a metalurgia e metalomecânica, a indústria campeã das exportações, é imune ao arrefecimento das economias europeias, em especial, da alemã. Em setembro, as vendas ao exterior caíram 8,6% para 1859 milhões de euros, menos 175 milhões do que no mesmo mês de 2022. No entanto, no acumulado do ano, as notícias mantêm-se positivas, com as exportações a crescerem 7,1% para 18 173 milhões de euros, fazendo acreditar num novo máximo histórico em 2023.."Como já antecipávamos, as coisas estão a correr pior desde agosto. Mantemos, apesar de tudo, um crescimento homólogo no acumulado do ano de 7,1% e continuamos a achar que vamos ultrapassar o recorde do ano passado", diz o vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP)..Em 2022, o setor, que se apresenta no exterior com a marca Metal Portugal, vendeu ao exterior bens no valor de 23 080 milhões de euros, mais 16,1% face a 2021. Acumulou, no ano passado, "sete dos melhores meses de sempre e seis registos acima dos 2000 milhões de euros", lembrou, então..Este ano, a metalurgia e metalomecânica fechou a primeira metade do ano com vendas ao exterior de 12 865 milhões de euros, "o melhor semestre de sempre" desta indústria, que crescia então 11,6% face aos primeiros seis meses de 2022. No entanto, Rafael Campos Pereira já alertava, então, para os primeiros sinais de algum abrandamento na procura..E se em julho os números continuaram a crescer, agosto trouxe uma quebra residual, de menos de 1%, e, em setembro, as dificuldades concretizaram-se, com 8,6% a menos do em 2022. Mas também é preciso ter em conta que, com vendas para fora no valor de 2034 milhões de euros, setembro de 2022 havia sido "o quarto melhor resultado mensal de sempre desta indústria e o melhor mês de setembro de todos os tempos"..Reforçar presença em feiras .Por isso, o dirigente assume que, embora inferiores aos do ano passado, os valores atuais - 1859 milhões em setembro - "continuam a ser bons números". A previsão para o fecho do ano é para um crescimento acumulado na ordem dos 5 a 6%, o que atirará os valores finais para mais de 24 mil milhões de euros..As guerras na Ucrânia e em Israel e a subida das taxas de juro, com consequências, em especial, na construção civil e no cluster automóvel na Alemanha, são questões que estão "a causar constrangimentos" às empresas portuguesas que têm nesse país o seu principal mercado externo. São essencialmente os subsetores dos materiais de construção, estruturas metálicas, componentes para a indústria automóvel e algumas tecnologias de produção para estes clusters que estão a ressentir-se mais.."As empresas continuam a resistir, mas não são imunes a estas fortes perturbações que os mercados globais estão a sofrer", diz Rafael Campos Pereira, que se mostra, no entanto, "confiante que será possivel inverter, rapidamente, este momento menos bom"..Para 2024, não arrisca ainda previsões, sendo certo que a associação tem já prevista a presença "em mais de uma dezena" de feiras internacionais, em particular, na área dos componentes, peças técnicas e equipamentos, além de missões empresariais e ligações a associações de compradores. "Continuamos a trabalhar cada vez mais no sentido de reforçarmos os nossos mercados", assegura. As geografias mias próximas e os mercados com que temos mais ligações culturais são, neste fase, "aquelas a que devemos estar mais atentos", diz a AIMMAP..Ilídia Pinto é jornalista do Dinheiro Vivo