Merkel pede proibição da burca "onde for legalmente possível"
"O véu que cobre toda a face tem de ser proibido, onde for legalmente possível", disse esta terça-feira a chanceler alemã, Angela Merkel, discursando no congresso do seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU).
Merkel, que já anunciou a candidatura a um quarto mandato, admitiu ainda que apoiaria uma proibição do véu integral - a burca - em toda a Alemanha, arrancando aplausos entusiastas dos militantes da CDU em Essen, onde se realiza o encontro dos democratas-cristãos. A notícia está a ser avançada pelo The Independent.
No passado mês de agosto, o ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière - um dos maiores aliados políticos de Merkel - já tinha defendido uma interdição parcial da burca: "Concordamos sobre a necessidade de introdução de medidas legais que provem que mostrar o rosto é importante para a nossa sociedade: quando se conduz um automóvel, em repartições públicas, nas escolas, nas universidades, nos serviços públicos, nos tribunais", frisou na altura, em entrevista ao canal de televisão alemão ZDF.
Uma proibição deste género foi já aprovada, por exemplo, pela câmara baixa da Holanda no mês passado, aplicando-se a todos os acessórios que cubram o rosto, da burca aos capacetes ou máscaras de ski. A medida terá ainda de ser aprovada no Senado antes de passar à legislação. França já proíbe o véu islâmico desde 2010.
Merkel falou ainda, no congresso da CDU, do fenómeno da imigração, dizendo que a crise dos refugiados não pode repetir-se. Recorde-se que a popularidade da chanceler alemã desceu a pique nos últimos meses, resultado de um crescente sentimento anti-imigração na Alemanha devido à chegada de quase um milhão de refugiados ao país.
Merkel foi criticada por ter ter decidido manter abertas as fronteiras aos requerentes de asilo, mesmo após uma série de derrotas nas eleições regionais para a CDU. Mas parece ter agora endurecido o tom, ao manifestar-se abertamente contra o véu islâmico. A própria Merkel já tinha defendido, em outras ocasiões, que a liberdade religiosa deveria ser respeitada sempre que possível, incluindo o direito a usar a burca.