Meloni separa-se de companheiro embaraçoso
A separação de um governante não deveria merecer mais do que uma breve, mas o caso da primeira-ministra italiana é merecedor de maior atenção. Tal como o seu partido de extrema-direita, Giorgia Meloni, de 46 anos, é defensora dos valores familiares tradicionais. No entanto, manteve uma relação de quase 10 anos com o apresentador de televisão Andrea Giambruno, de 42, fora do casamento, e da qual nasceu uma filha com 7 anos. Mas mais grave que a contradição entre o que defende em público e o que pratica em privado, a relação foi corroída pelos comentários controversos do parceiro, ao ponto de no mês passado ter dito que não deveria responder pelas afirmações de Giambruno.
A separação foi tornada pública através de uma publicação de Meloni no X . "Há muito que os nossos caminhos se separaram e chegou a altura certa para registá-lo", escreveu. "Defenderei o que fomos, defenderei a nossa amizade e defenderei, a todo o custo, uma menina de 7 anos que ama a sua mãe e ama o seu pai, como eu não pude amar o meu", recordando que o seu progenitor saiu de casa quando esta era bebé. "Todos aqueles que esperavam enfraquecer-me atingindo-me em casa devem saber que, por mais que a gota possa esperar perfurar a pedra, a pedra continua a ser pedra e a gota é apenas água", sentenciou num post-scriptum.
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Enquanto apresentador do Diario del Giorno, da Rete 4 (propriedade da Mediaset, da família Berlusconi), Giambruno já andava a chamar a atenção. Primeiro, ao comentar as declarações do ministro da Saúde da Alemanha, Karl Lauterbach. Quando este lamentou que as alterações climáticas estavam a "destruir o Sul da Europa" e a pôr em perigo o turismo em Itália, Giambruno afirmou: "Se não gostas, fica em casa. Estás na Floresta Negra, estás bem, não estás?"
Da aparente xenofobia passou para o sexismo, em agosto. Na sequência de uma violação coletiva em Palermo a uma jovem de 19 anos, que chocou a sociedade italiana, Giambruno atirou achas para a fogueira ao aconselhar as mulheres a não beberem para evitarem violações. "Se fores dançar, tens todo o direito de te embebedares, não deve haver mal-entendidos. Mas se evitares embebedar-te e apagares, talvez também evites certos problemas, porque aí encontras o lobo", comentou então.
Meloni, que conheceu Giambruno num estúdio de TV quando este lhe tirou uma banana da mão -a pausa publicitária durante uma entrevista estava a terminar e o jornalista evitou uma situação incomum - já tinha mostrado distância do pai da sua filha. Mas nesta semana o embaraço passou os limites depois de um programa humorístico, também da Mediaset, ter transmitido um vídeo no qual é reproduzida uma conversa com uma colega na qual aparenta estar a flirtar: "Por que não te conheci antes?".
No dia seguinte, o mesmo programa revelou áudios de conversas que manteve com colegas nos quais disse ter um caso e fez uma proposta para se juntarem para sexo em grupo. "Vulgaridade impossível de comentar", disse o deputado Marco Furfaro, do Partido Democrático, na oposição. Já o analista de sondagens Antonio Noto afirmou à Reuters que o caso terá poucas repercussões nas intenções de voto, mas que deverá melhorar a imagem de Meloni.
cesar.avo@dn.pt