A pele da pilinha dos bebés deve ser puxada para trás para evitar infecções e circuncisões? Há 20 anos esta era a prática corrente, mas hoje a classe médica divide-se. A Sociedade Portuguesa de Cirurgia Pediátrica considera que "a prática de forçar ou puxar para trás a pele do prepúcio de modo sistemático é desaconselhada durante todo o tempo em que a criança usa fraldas". .O presidente daquela entidade, Paolo Casella, diz que, depois de retiradas as fraldas, "pode proceder-se a uma ligeira retracção da pele" para limpar cuidadosamente as impurezas que aí se acumulam, mas de modo a não forçar os tecidos, uma tarefa que deve ter lugar após o banho da criança..Aquela recomendação é justificada pelo risco de um puxão poder causar pequenas fissuras que, ao entrar em contacto com a urina da fralda e ao cicatrizar, vão fazer perder a elasticidade da pele, podendo levar ao agravamento do "aperto" do prepúcio (dobra da pele que cobre a glande)..A própria sociedade de pediatras reconhece que "não existe uma opinião consensual" sobre estas recomendações, mas adianta que "a generalidade dos cirurgiões pediátricos concorda com estes princípios. Contudo, o presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos, Anselmo Quaresma da Costa, defende que os pais devem "tentar cuidadosamente" puxar o prepúcio pouco depois de os bebés nascerem, mas sem nunca forçar. .Aquele especialista observa que "os bebés não são todos iguais: nos que expõem logo a glande, os pais devem ter o cuidado de lavar. O que não se deve é forçar, isso nunca. Já lá vai o tempo em que se defendiam os puxões bruscos. Mas, sem esforço, deve-se puxar a pele para trás logo na primeira ou segunda semana de vida", defende Anselmo Quaresma da Costa..Consensual é que quase todos os rapazes nascem com a glande do pénis recoberta pela pele do prepúcio, que está aderente à própria glande, uma situação denominada de fimose fisiológica. O processo normal de descolamento da pele ocorre nos primeiros anos de vida, sendo previsível que 80% das crianças sejam capazes de retrair a pele por volta dos cinco anos. Quando ocorre um aperto irredutível da pele, a criança pode ter de ser circuncisada, mas a Sociedade de Cirurgia Pediátrica considera que, na maioria dos casos, este aperto resulta de um processo de espessamento anormal da pele do prepúcio, " nada tendo a ver com o repuxamento sistemático da pele.|LUSA e DIREITOS RESERVADOS (imagem)