As quatro maternidades da região de Lisboa efetuaram este mês uma média diária de 29 partos, menos quatro face ao período homólogo do ano passado, e realizaram uma média de 213 urgências por dia (menos 11), revelam dados oficiais..Os dados foram divulgados esta sexta-feira pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARLVT) num balanço das urgências de Ginecologia e Obstetrícia no mês de agosto da Maternidade Dr. Alfredo da Costa e das maternidades dos hospitais de Santa Maria, S. Francisco Xavier e Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra)..A ARSLVT afirma em comunicado que, a exemplo do que aconteceu em julho, o balanço do atendimento às grávidas que em agosto recorreram às urgências de Ginecologia e Obstetrícia de Lisboa é "positivo"..Segundo os dados, foram realizados entre os dias 1 e 29 de agosto no conjunto das quatro maternidades 832 partos, o que se traduz numa média diária de 29 partos..Estes números são conhecidos dias depois de ter sido divulgado que das 31 vagas abertas para recém-especialistas em ginecologia/obstetrícia apenas foram preenchidas 14 - uma notícia que surge numa altura em que todos os dias se fala da falta de médicos nesta especialidade e de em Lisboa se ter colocado a hipótese (que não avançou) de as urgências das maternidades da capital fecharem rotativamente durante o verão.."Se compararmos esse valor com a média de agosto de 2018 (33 partos/dia), constata-se que a atual média possui menos quatro partos no conjunto destas instituições. Isso não significa que não tivessem ocorrido picos ocasionais de procura", sublinha a ARSLVT..No mesmo período, o número de urgências obstétricas e ginecológicas -- que incluem também mulheres não grávidas com queixas do foro ginecológico -- totalizaram 6 201 episódiosno conjunto das quatro maternidades, ou seja, uma média de 213 urgências por dia, menos 11 do que em período homólogo de 2018..Segundo a ARSLVT, foi registada a mesma tendência nas duas maternidades públicas mais próximas da capital, nomeadamente a do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, e do Hospital Dr. José de Almeida, em Cascais, onde, até 25 de agosto, o número de partos foi de 367, menos oito partos do que os verificados no mesmo período de 2018.."A indispensável articulação entre instituições, bem como a disponibilidade manifestada pelos profissionais de saúde envolvidos possibilitaram, uma vez mais, que o funcionamento das urgências tivesse decorrido conforme o expectável", afirma o presidente da ARSLVT, Luís Pisco, no comunicado..Luís Pisco sublinha que a" estreita colaboração entre a ARSLVT, as direções hospitalares e o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) mantém-se, estimando-se que também em setembro o atendimento decorra de forma tranquila"..Médicos fizeram mais de 400 horas extraordinárias.O Sindicato Independente dos Médicos considerou que a situação das maternidades da região de Lisboa continua em "grande precariedade" e "só não é mais grave" porque a esmagadora maioria dos médicos fez mais de 400 horas em agosto.."O panorama mantém-se de grande precariedade e só não é mais grave porque os médicos, tal como fizeram na [maternidade] Bissaya Barreto [Coimbra], continuam a fazer muito mais horas" de trabalho extraordinário "do que aquelas que são obrigados [150 horas]", disse à agência Lusa o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha..Num balanço feito à Lusa da situação nas maternidades da região de Lisboa em agosto, o dirigente sindical disse que a "esmagadora maioria" dos médicos superou as 400 horas de trabalho extraordinário este mês.."A esmagadora maioria dos médicos, para não dizer todos, ultrapassou em agosto as 400 horas e por isso continuamos a insistir para que o Ministério da Saúde não olhe impávido e sereno para a saída dos médicos do Serviço Nacional de Saúde e que fundamentalmente não culpe os médicos", afirmou Roque da Cunha..Escalas "abaixo dos níveis de segurança".O secretário-geral do SIM afirmou ainda que na generalidade dos hospitais as escalas estão "abaixo dos níveis de segurança"..Deu como exemplo o Hospital de Santa Maria, "onde na generalidade dos dias estiveram quatro médicos, dos quais, às vezes, só dois especialistas", e o Hospital São Francisco Xavier, onde as escalas continuam a ser asseguradas por três a quatro médicos, alguns dos quais não são especialistas em ginecologia/obstetrícia.."Todos os dias algumas destas maternidades de Lisboa está em contingência máxima e não recebe as grávidas", salientou..Não precisando situações, Roque da Cunha disse que este é um "problema que existe", acrescentando: "Felizmente não tem havido nenhuma catástrofe porque as pessoas são saudáveis e jovens, mas o problema persiste"..O secretário-geral do SIM adverte que este problema se vai manter "até ao final do ano e durante 2020".."Não é uma questão sazonal e, por isso, era extraordinariamente importante que o Ministério da Saúde pensasse em medidas estruturantes", defendeu.