Mário Nogueira tem razão

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Mário Nogueira está preocupado e quer esclarecimentos sobre a proposta do governo para a vinculação de professores no próximo ano. O problema é que, apesar de o ministro Tiago Brandão Rodrigues ter revisto a ideia inicial de dar lugar a 100 contratados, as condições que o Ministério da Educação pretende impor à entrada destes para os quadros continua a reduzir muito o número de candidatos viáveis. Ficariam reduzidos a uma centena em 2017, alertou Mário Nogueira antes, com as novas regras poderão não ser mais de mil, lamenta agora. Número "inaceitável" para os sindicatos, que querem saber, afinal, quantos professores é que o Ministério está a pensar integrar nos quadros. De Brandão Rodrigues, com quem se contava ter tudo muito bem negociado até 6 de janeiro, não há resposta e a Fenprof já antecipa que não poderá arrumar as ferramentas tão cedo. E até já avisou que está preparada para voltar à luta. Se for preciso, claro - "será o último recurso, mas não deixaremos de o usar" -, que os tempos dos protestos preventivos para garantir que as negociações seguiam o rumo pretendido já se foi. Sempre é um alerta, porque não está a ser fácil concertar pontos de vista. No entanto, tudo se mantém muito civilizado, proposta para cá, carta para lá, compreendido que estava desde março que em 2016 não seria possível fazer as coisas de maneira diferente - "a legislação que está em vigor é esta, não podiam simplesmente dizer que é injusta e não a aplicar", disse então o líder sindical (o mesmo que por duas vezes ajudou a boicotar a avaliação dos professores). O que não significa que Mário Nogueira não esteja desagradado com as escolhas do ministro, numa altura em que já devíamos estar a encaminhar-nos para a vinculação generalizada mas em que parece que o objetivo vai voltar a ficar muito aquém do necessário para cumprir a ambição de chegar ao final da legislatura com mais 20 mil nos quadros. Se nos tempos de Nuno Crato foram 4 mil, como pode um governo PS, apoiado no Parlamento pelo resto da esquerda, fazer menos? Ora, Mário Nogueira está aborrecido. E tem boas razões para isso.

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