Mario Bolatti, a novela inacabada

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O jogador já vestiu a camisola azul e branca, já foi confirmado oficialmente e até já começou a trabalhar com os novos companheiros. Mas esta é uma história que está distante de poder dar-se como encerrada. Pelo menos na Argentina continua a gerar uma enorme polémica. Ao ponto, aliás, do fideicomiso (a comissão nomeada pelo tribunal para gerir financeiramente o falido Belgrano) ter notificado a Liga de Clubes portuguesa para não oficializar o contrato do médio argentino Mario Bolatti com o FC Porto.

O tribunal garantiu não ter reconhecido a transferência do médio e um dos elementos do fideicomiso, José Rufeil, adiantou que se limita a assegurar o cumprimento do contrato de gestão do clube. "Armando Perez [presidente do Belgrano] está habituado a que ninguém contestes as decisões que toma", referiu em entrevista à Rádio Impacto de Córdoba. "Mas eu contesto porque não estou para aturar estas coisas. Ele não pode fazer e desfazer como bem entender, porque o Belgrano tem uma dívida que deve pagar aos credores".

Contrato expirou... ou não

Outro dos elementos do fideicomiso, Fabián Barbera, revelou que para a Justiça o jogador continua a pertencer ao Belgrano. Acrescentando que se a proposta que o FC Porto apresentou ao clube argentino é superior à do Corunha, então que se apresente o dinheiro ao tribunal.

"Eu respeito a Justiça, mas os prazos dela não são os mesmos que os prazos do futebol", respondeu Armado Perez. "Há um desconhecimento total do que é o futebol. Nenhum clube no Mundo paga um jogador a pronto".

Armando Perez, o presidente do Belgrano, é aliás uma das figuras principais de toda esta história. Desde o início, mesmo quando a proposta do FC Porto era inferior à do Corunha (1,2 contra 1.9 milhões de euros), o dirigente sempre sublinhou que Bolatti iria ser jogador da formação portuguesa. Assegurou mesmo que não reconhecia a proposta do clube galego. Mais tarde, viajou para Portugal e, assente na garantia de que o jogador era livre por não ter renovado contrato, negociou com o FC Porto, que igualou a última oferta do Corunha (2,3 milhões de euros) durante a reunião que os altos comandos portistas tiveram com os dirigentes do Belgrano nos últimos dias, em Portugal. Reunião e negociações que que também não agradaram aos responsáveis da fideicomiso, já que o jogador faltou à audiência que tinha marcada para segunda-feira num tribunal de Córdoba e viajou para Portugal, apresentando-se ao serviço do FC Porto no arranque dos trabalhos da equipa de Jesualdo Ferreira para a nova temporada.

Jogador só pensa no FC Porto

Sob a desculpa de que o contrato do jogador expirara, o Belgrano pôde com o consentimento do FC Porto assumir o comando das negociações. O problema é que o fideicomiso garante que o contrato se renovou automaticamente no dia 29 de Maio. No meio de toda esta polémica, Mario Bolatti continuou ontem a trabalhar em Gaia como se nada fosse.

"Queria muito vir para o F.C. Porto", disse ontem em declarações ao site do FC Porto. "Quero afirmar-me aqui e crescer enquanto jogador. Sei que tenho aspectos para melhorar, mas estou aqui para aprender". Falta saber se o fideicomiso vai deixar.|

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