Maria Schneider morre em Paris aos 58 anos
A actriz francesa Maria Schneider morreu ontem em Paris, de cancro, aos 58 anos. Tinha 20 e vivia em casa de Brigitte Bardot quando foi descoberta por Bernardo Bertolucci, que a pôs a contracenar com Marlon Brando em O Último Tango em Paris (1972), a história da relação breve e em brasa entre uma adolescente e um viúvo americano de passagem por Paris.
O filme, só exibido em Portugal logo depois do 25 de Abril (ficou meses e meses em cartaz), tornou--se num referente cinéfilo-escandaloso dos anos 70, sobretudo por causa de uma cena envolvendo manteiga e sodomia, transformou Schneider num ícone sexual e destruiu-lhe a carreira. Nos anos seguintes, e salvo excepções como Profissão: Repórter, de Michelangelo Antonioni (1975), ou Violanta, de Daniel Schmid (1977), só lhe ofereceram papéis semelhantes ao de O Último Tango.
Numa entrevista dada mais tarde, Maria Schneider disse ter "perdido sete anos" da sua vida, entre drogas, overdoses, uma tentativa de suicídio e um internamento numa clínica psiquiátrica em Roma, sendo despedida de filmes como Este Obscuro Objecto do Desejo, de Luis Buñuel. Tornou-se militante feminista e continuou a aparecer no cinema e na TV, quase sempre em papéis secundários. O seu último filme foi Cliente, de Josiane Balasko, em 2008.
Nascida Marie Christine Gélin em Paris, Maria Schneider era filha de uma modelo de origem romena e do actor Daniel Gélin, que nunca a reconheceu, e fez pequenos papéis num punhado de filmes, antes de se revelar em O Último Tango em Paris.