Marcelo é melhor do que a encomenda

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Este elogio ao Presidente eleito é, antes de mais, um mea culpa. Várias vezes critiquei Marcelo Rebelo de Sousa, antes do anúncio da candidatura e em plena campanha eleitoral, acusando o toque por uma iniciativa que inviabilizava a candidatura que considerava mais necessária para o país, a candidatura de Rui Rio. Marcelo não me convencia sobre a hipótese de vir a desempenhar bem o papel de chefe de Estado, mesmo com amigos, em cuja análise política confio, a insistir que eu não estava a ver bem o filme e que Marcelo daria um grande presidente da República. Estaria enganado. O reconhecimento do erro e consequente penitência são devidos. Marcelo é melhor do que a encomenda. Eu não estava a ver bem o filme e o Presidente eleito conseguiu até o feito de fazer esquecer o país inteiro de que ainda está em Belém um Presidente da República. A forma como Marcelo Rebelo de Sousa nos ajudou a chegar até aqui, sem termos de estar a olhar para a agonia do fim do cavaquismo, é também merecedora de agradecimento.

O Presidente da República aproveitou o tempo que nos separou da eleição até à posse com uma mestria assinalável, percorrendo as suas vidas anteriores como que em despedida dos sítios por onde passou. Não posso deixar de assinalar a passagem pelo aniversário da TSF, numa conferência sobre comunicação social, que procurou homenagear Emídio Rangel, e que contou com uma intervenção de abertura ao melhor nível do professor. Na constituição da equipa foi sempre capaz de surpreender à medida que se iam conhecendo os nomes dos que foram escolhidos pelo Presidente. Apenas três nomes dos que conheço pessoalmente e me dão garantias de que Marcelo está mesmo a escolher os melhores: o embaixador José Augusto Duarte, que será o seu assessor diplomático; Pedro Mexia, assessor cultural, ou Luís Ferreira Lopes, assessor na área das empresas e inovação.

A meio da semana entraremos num tempo novo. Ainda assim, um tempo déjà vu, em que os perigos espreitam lá fora e nos podem arrastar novamente para o abismo, com as promessas de eterna lealdade entre as esquerdas a serem acompanhadas diariamente com ameaças do tipo "agarrem-me senão vou-me ao PS". Marcelo preparou muito bem a sua chegada, mas a política também é gestão de expectativas. Para muita gente, ele já as tinha colocado altas com o anúncio da sua candidatura e para outros superou-se neste tempo mais recente. Para uma grande maioria, Marcelo é o homem certo no lugar certo. E agora? Tem a palavra o senhor Presidente.

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