Marcelo admite: conjuntura pode obrigar a rever previsões económicas

Impacto nas exportações pode afetar crescimento do PIB. Presidente considera que a revisão, se necessária, deve ser feita sem alarmismo
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O Presidente da República considerou hoje que a atual conjuntura externa com impacto nas exportações portuguesas, a manter-se, pode afetar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 e obrigar "a revisões de previsões" económicas.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, caso seja necessária, essa revisão deverá ser feita "sem alarmismos mas com lucidez, se a conjuntura vier a manter-se".

O chefe de Estado fez esta "referência de natureza conjuntural" a meio de um discurso sobre o sistema financeiro, durante a conferência "O presente e o futuro do setor bancário", organizada pela Associação Portuguesa de Bancos e pela TVI24, num hotel de Lisboa.

O Presidente da República começou por dizer que "a economia portuguesa está a proceder a uma reconversão particularmente atenta às exportações, mas que é uma reconversão necessariamente dependente dos mercados de destino".

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"Isso pode significar, nomeadamente neste ano de 2016, a repercussão da situação nesses mercados - apesar da diversificação ensaiada, ainda com uma apreciável concentração - no crescimento do PIB e seus reflexos financeiros, obrigando a revisões de previsões, sem alarmismos mas com lucidez, se a conjuntura se vier a manter", acrescentou.

Nesta intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa salientou a importância do sistema financeiro "para a saída da profunda crise que dominou os anos da vida nacional" e defendeu que "não é possível pedir ao tecido económico que espere o tempo necessário para o reajustamento do sistema financeiro".

No seu entender, "esse é o problema do momento".

Nas últimas semanas, o Presidente da República tem expressado preocupação com a evolução económica, advertindo para possíveis efeitos negativos da conjuntura internacional em Portugal e destacando a desaceleração da economia norte-americana.

Quanto às estimativas do Governo para este ano, logo na comunicação que fez ao país sobre a promulgação do Orçamento do Estado para 2016, a 28 de março, Marcelo Rebelo de Sousa questionou se, "mesmo revistas, as previsões contidas no orçamento para a evolução da economia portuguesa não serão ainda demasiado otimistas".

"Uma análise fria dirá que neste momento não é possível, em Portugal como em nenhuma economia, estar a garantir que as previsões vão ser confirmadas. Há tantas incógnitas, há tantas incertezas que essa garantia não pode ser dada", considerou, na altura.

No seu discurso do 25 de Abril, o chefe de Estado também se referiu a esta matéria, recomendando "permanente atenção às previsões e aos seus reflexos financeiros", tendo em conta "a evolução económica recente, ou em curso".

Como fez hoje, já nessa ocasião Marcelo Rebelo de Sousa desdramatizou uma eventual revisão de previsões: "Sem drama, que a retificação de perspetivas é realidade a que nos habituámos ao longo dos anos. Mas com lucidez, que é preferível à negação dos factos".

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