"Abaixo a França, abaixo a CEDEAO", gritaram milhares de apoiantes do golpe de Estado em Niamey, não longe da base militar francesa, pouco depois de a Rússia ter voltado a dar um sinal de apoio aos golpistas e no dia seguinte da decisão do bloco regional africano em acionar a força de prontidão que poderá intervir militarmente no Níger.."Vamos fazer com que os franceses se vão embora! A CEDEAO não é independente, está a ser manipulada pela França", disse um manifestante, Aziz Rabeh Ali, membro de uma associação de estudantes, à AFP. Muitos brandiam bandeiras russas e do Níger e gritavam apoio ao general Abdourahamane Tchiani..Potência colonial até 1960, a França tem cerca de 1500 efetivos no Níger, os quais fazem parte de uma missão iniciada há oito anos contra a ameaça jihadista. Mas à medida que a Rússia ganha preponderância na região, seja através dos mercenários do grupo Wagner, seja através da sua eficaz máquina de desinformação, Paris está a enfrentar uma hostilidade crescente em todo o Sahel, tendo sido obrigado a retirar as suas forças militares dos vizinhos Mali e Burkina Faso no ano passado, depois da rutura com os novos líderes de ambos os países, surgidos de golpes militares que depuseram os eleitos..Na semana passada, os novos dirigentes do Níger anularam os acordos de defesa com a França, enquanto um protesto hostil diante da embaixada francesa em Niamey, em 30 de julho, levou Paris a retirar os seus cidadãos..Os chefes militares dos estados da CEDEAO reúnem-se hoje em Acra, capital do Gana, após os líderes políticos terem aprovado na quinta-feira o envio de uma "força de prontidão para restaurar a ordem constitucional",terminado o ultimato de sete dias dado pelo órgão para os militares restituírem Mohamed Bazoum na presidência. Enquanto sublinharam que continuam a prosseguir uma solução pacífica não forneceram quaisquer pormenores sobre a possível intervenção militar. A força da CEDEAO é composta por 2500 efetivos..Entretanto, o presidente da Costa do Marfim Alassane Ouattara anunciou que o seu país vai fornecer um batalhão de 850 a 1100 militares, tendo dito que a seu lado estarão homens da Nigéria e do Benim e de outros países, sem especificar quais. Mas deixou claro que a operação "pode arrancar no prazo mais curto". De Moscovo entretanto chegou a advertência de que uma solução militar "poderia levar a um confronto prolongado" no Níger e a "uma forte desestabilização" em toda a região..A preocupação pelas condições de Bazoum e da sua família levaram Volker Turk, responsável da ONU pelos direitos humanos, declarar que as suas condições de detenção "podem constituir um tratamento desumano e degradante, em violação do direito internacional em matéria de direitos humanos". União Africana, União Europeia e Alemanha também mostraram preocupação com Bazoum.