Mais violência em protesto contra a queima do Corão

Violentas manifestações, com um balanço de pelos menos dez mortos, voltaram a registar-se hoje e pelo segundo dia consecutivo no Afeganistão, em protesto contra a queima de um exemplar do Corão, o livro sagrado dos muçulmanos, numa pequena igreja da Florida, nos Estados Unidos.
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Em Kandahar (sul), dez pessoas morreram e mais de 80 ficaram feridas numa vaga de protestos que denunciam um aumento do sentimento anti-ocidental após quase uma década de guerra, refere a agência Associated Press (AP). Na sexta-feira, 11 pessoas, incluindo sete funcionários estrangeiros da representação da ONU, foram mortas num protesto na cidade de Mazar-i-Sharif (norte do país). Os protestos surgem numa conjuntura considerada crítica para a coligação militar internacional liderada pelos Estados Unidos, e quando se prevê uma "ofensiva da primavera" dos insurgentes afegãos, a retirada no verão de parte do contingente militar e as crescentes críticas do presidente afegão Hamid Karzai sobre a estratégia militar da NATO e os motivos da intervenção internacional.

A polícia afegã disse ainda que dois bombistas suicidas, disfarçados de mulheres, se fizeram explodir e um terceiro foi abatido hoje, quando tentavam entrar numa base da NATO nos arredores de Cabul, a capital. No início da semana, seis soldados norte-americanos foram mortos durante uma operação contra os insurretos no leste do Afeganistão, perto da fronteira com o Paquistão e onde os talibãs possuem bases recuadas.

O presidente Karzai lamentou as vítimas dos protestos, mas em simultâneo também pediu aos Estados Unidos e Nações Unidas que seja apresentado à justiça o pastor do Dove Outreach Center em Gainesville, Florida, onde o livro sagrado do Islão foi queimado em 20 de março. Muitos afegãos apenas souberam do ato do pastor radical norte-americano após o próprio Karzai ter condenado a destruição do exemplar do Corão, quatro dias após os acontecimentos na Flórida.

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