"É um drama dos nossos tempos e do futuro próximo. Os professores são as primeiras vítimas de um país ressequido do ponto de vista humano, onde não nascem crianças." Para o padre Manuel Vilas-Boas, a demografia é indissociável do atual estado do ensino. "O País, como noutras áreas, esqueceu-se de fazer as contas. Já se sabia que isto ia acontecer: há escolas novas inutilizadas porque não se soube fazer contas." Vilas-Boas reconhece que "a educação é das matérias mais decisivas de um país. Especialmente em Portugal, onde ainda há um milhão de analfabetos. No século XX faltavam escolas, hoje há excesso", afirma, lembrando a importância do ensino na sua formação. "Não seria ninguém se não tivesse tido uma professora primária tão exigente. Foi decisiva nos passos que dei", sentencia. Desses tempos guarda todas as recordações que a memória lhe permite. "Sobretudo a dimensão da generosidade. Mais do que a competência, guardo a capacidade de doação."