"De um modo geral, [o corte anunciado na proposta de lei do Orçamento de Estado para 2015] causa-nos alguma apreensão", afirmou à Lusa Rui Cardoso. .Segundo defendeu, a maior preocupação deve-se à dificuldade que será fazer uma redução do orçamento da Justiça já que, "nos últimos tempos, os tribunais já viveram em extrema austeridade e com carências materiais profundas"..Sublinhando não acreditar que seja possível cortar mais nas despesas dos tribunais e do Ministério Público e continuar a ter um normal funcionamento dos organismos, o sindicalista considerou que o que é necessário é adotar uma estratégia oposta. ."Aquilo que esperamos é que exista um investimento na Justiça, um investimento num serviço fundamental de um Estado de Direito, cujo serviço que é prestado ao país e ao seu povo não se pode medir apenas em termos económicos", disse..Por isso, para Rui Cardoso, o essencial em 2015 é que o Governo "retome com empenho o programa de ação para a justiça na sociedade de informação", prosseguindo a informatização dos tribunais "para que não volte a suceder no futuro aquilo que, ainda hoje, se está a tentar superar com os problemas do Citius"..A proposta de Orçamento para 2015 prevê, no entanto, uma redução de 20,1 milhões de euros nos investimentos. No total, a Justiça contará com menos 122,4 milhões de euros no próximo ano.."O ministério afirma que conseguirá fazer algumas poupanças, nomeadamente em equipamentos resultantes da reorganização judiciária resultante da política de arrendamentos que tem [estima uma redução da despesa de 1,5 milhões de euros], lembrou o presidente do sindicato.."Não sabemos se é assim ou não, mas, se for, é boa gestão", concluiu..A ministra de Estado e das Finanças entregou na quarta-feira à Assembleia da República a proposta de Orçamento do Estado para 2015, o último da presente legislatura..A proposta estima que o défice orçamental para o próximo ano seja de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) ou seja 0,2 pontos percentuais acima do acordado com a "troika" (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu). .O documento prevê um crescimento económico de 1,5% e uma taxa de desemprego de 13,4%.