Mãe e filho concluem licenciatura no mesmo ano

Bênção dos finalistas: Milhares de jovens, e outros menos jovens, encheram a Alameda da Cidade Universitária, em Lisboa, para celebrar a última etapa do curso. Muitos vão continuar a estudar, até porque há falta de empregos.
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Catarina Oliveira, 47 anos, termina este ano o curso de Ciências da Educação. No mesmo ano em que o filho, Marcos Oliveira, 20 anos, acaba Ciências da Comunicação. Emília Soares, 75 anos, realiza o sonho de uma vida: obter o diploma de Psicopedagogia Clínica. Catarina e Emília estavam, ontem, na cerimónia da bênção dos finalistas, em Lisboa. São excepções entre milhares de jovens futuros licenciados e a pretenderem conquistar um emprego. Enquanto esperam, seguem para mestrado.

"Desde o 9.º ano que queria tirar Direito e na Faculdade de Direito de Lisboa. Quero ser advogado como quase todos nós, mas é provável que vá seguir os estudos. Este ano, sai o primeiro grupo de licenciados com quatro anos [redução devido ao acordo Bolonha], ao mesmo tempo que os de cinco. Vai ser mais complicado arranjar um estágio", diz Roberto Mendes, 21 anos. A seu lado estão muitos outros finalistas de Direito da Clássica que acreditam que tirar um curso nesta instituição é uma mais-valia. "E permite uma multiplicidade de saídas profissionais", diz Rita Comércio, 22 anos, uma alentejana a estudar na capital.

Ciências da Educação é um curso que Susana Melo, 21 anos, espera ter grande procura no mercado de trabalho devido às alterações na formação de adultos, nomeadamente o programa das novas oportunidades. Estuda na Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação, tal como Francisco Ferreira, 50 anos. Um formador de profissão que contou com o apoio dos colegas para obter o canudo, o que lhe vai permitir subir na carreira.

E Umaru Baldé, 35 anos, natural da Guiné, espera regressar às origens para ser educador. Mas só depois de fazer o mestrado. "A licenciatura, agora com três anos, está desvalorizada", justifica.

É naquele grupo que encontramos Catarina Oliveira, professora de Tecnologias e com um contrato precário há dez anos. E quem é melhor aluno, a mãe ou o filho? "O meu filho é mais empenhado, não é festeiro, quer fazer guionismo. Mas muito fiz eu, tive muito apoio dos meus colegas", responde.

"4 filhos + 3 netos = 7 pessoas. Muito contentes por a mãe conseguir sempre o que quer. Muitos parabéns. O que é que virá a seguir?" Foi o que a filha mais velha de Emília Soares escreveu na sua fita amarela. Uma finalista de 75 anos que começou por tirar Psicopedagogia Clínica na Universidade Moderna e a está a concluir na Lusíada. E o que virá a seguir? "Step, by step", responde.

Não é o sonho de uma vida, mas é um sonho para uma vida. Helena Lalanda, 33 anos, levou 11 anos a tentar entrar em Medicina Veterinária. Entretanto, deixou as Caldas da Rainha onde vivia, licenciou-se em Biologia e foi professora universitária. Ontem, sentiu-se mais finalista que em outras etapas, porque está no 6.º ano de Veterinária, a formação que sempre desejou. Tal como os gémeos Luís e João Barros, de 23 anos, ambos futuros médicos veterinários. E Ana Félix, com a mesma idade, já não sente frustração por não ter entrado em Medicina, a primeira opção. Antes pelo contrário!"

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