Lula acusado de sevícias sexuais nos anos 1980
Um caso estranho e sério rebentou em jornais e revistas do Brasil, embora sem estar a ser comentado nas rádios e televisões. Trata-se de uma grave denúncia feita contra o Presidente Lula da Silva: a de que, quando esteve detido, durante o regime militar, em 1980, teria confessado ter tentado abusar sexualmente de um outro homem, igualmente um preso político.
Na denúncia, o que chama a atenção é o facto de as fontes serem fidedignas: a acusação partiu de um respeitado ex-preso político, César Benjamim, que até 2005 foi do Partido dos Trabalhadores, fundado por Lula. Benjamim foi candidato a vice-presidente pelo partido PSOL, em 2006. A revista Veja chama a Benjamim "um dos mais célebres militantes da esquerda brasileira".
O artigo acusador de Benjamim foi primeiro publicado pela Folha de São Paulo, o jornal de maior tiragem do Brasil que se gaba da sua isenção e, mesmo no regime militar, sempre procurou manter uma postura independente.
No artigo publicado em finais de Novembro, Benjamim cita uma revelação feita, em 1994, por Lula: a de que tentara seviciar outro preso político, em 1980, porque não conseguia ficar muito tempo sem ter relações sexuais.
Eis o texto do artigo de Benjamim: "Lula puxou conversa: Você esteve preso, não é Cesinha? ''Estive.' Quanto tempo? 'Alguns anos'. Desconversei, raramente falo nesse assunto. Lula continuou: 'Eu não aguentaria. Não vivo sem bunda.' Para comprovar essa afirmação, passou a narrar como havia tentado subjugar outro preso nos trinta dias em que ficara detido. Chamava-o de Menino do MEP, o Movimento de Emancipação do Proletariado, em referência a uma organização de esquerda que deixou de existir. Ficara surpreso com a resistência do 'menino', que frustrara sua investida com cotoveladas e socos".
Segundo Benjamim, o diálogo foi presenciado pelo publicitário Paulo de Tarso da Cunha Santos. De acordo a revista Veja, o publicitário-testemunha, cujos actuais contratos com o Governo chegam a 120 milhões de euros, negou, em nota, lembrar-se do episódio.
Prossegue a revista: "Veja ouviu cinco de seus ex-companheiros de cela. Nenhum deles forneceu qualquer elemento que confirme a história de Benjamim. Eles se recordam, no entanto, que havia, na mesma cela, um militante do MEP." Segundo a Veja, o Menino do MEP seria João Batista dos Santos, que declarou, através de um intermediário: "Isso tudo é um mar de lama. Não vou falar com a imprensa. Quem fez a acusação que a comprove."
A revista conclui: "O Palácio do Planalto reagiu com indignação, qualificando o relato de Benjamim de loucura. O chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, disse que o artigo era acto de um psicopata. Afirmou também que Lula havia ficado 'triste, abatido e sem entender' as razões que levaram um militante histórico a fazer um ataque tão destruidor contra sua honra".
Sem dúvida, é uma forte acusação que está a ser comentada exclusivamente em meios intelectuais e junto da classe média, sem impacto junto ao "povão", já que rádio e televisão não abordam o tema. Não se sabe exactamente por que razão, uma vez que se trata de denúncia pública.