Luana Piovani vem para Portugal: "Sinto-me insegura no Rio"
A forma como foi recebida quando esteve em Lisboa, Cascais e Sintra foram decisivas na hora de escolher o destino - Califórnia também esteve em cima da mesa. Depois de tratar da logística da mudança da sua família, que inclui o marido surfista Pedro Scooby, três filhos e um cão, diz-se disposta a ir à luta e concretizar projetos na sua área, em particular no teatro. Com fama no Brasil de não fugir ao confronto, recusou-se a responder se está disponível para a controvérsia em Portugal. E também preferiu não dizer quem é o seu candidato nas presidenciais de outubro.
Quais as principais razões da sua mudança: insegurança e custo de vida no Brasil?
Decidimos nos mudar do Brasil única e exclusivamente por conta da insegurança que o nosso país nos oferece. Infelizmente a cidade do Rio de Janeiro está abandonada e eu sinto-me muito insegura.
O que conhece de Portugal e que ideia tem do país. Essa ideia mudou, ao longo dos tempos?
Eu conheço pouco de Portugal. Conheço Lisboa, Cascais e Sintra. O meu marido [o surfista Pedro Scooby] conhece bem. Ele já esteve várias vezes na Nazaré, em diversas temporadas. Inclusivamente, uma das maiores ondas da vida dele, foi lá. Foi ele quem sempre me falou muito bem do país. No início tínhamos ideia de nos mudarmos para a Califórnia, mas depois que, há dois anos, estivemos aí, a convite do Rock in Rio Lisboa, fiquei absolutamente encantada com o país e com os portugueses. Foi então que alteramos os planos de nos mudarmos para a Califórnia por Portugal. Especificamente para Cascais, que será o local do novo "escritório" do meu marido.
Aconselhou-se com alguém em particular, no Brasil ou em Portugal, antes de tomar a decisão?
Eu estou-me aconselhando com brasileiros que já se mudaram e com alguns amigos portugueses, meus e do meu marido, que estão nos ajudando a organizar toda essa mudança, que não é uma coisa simples. Até porque, tenho três filhos pequenos e um cachorro. Não precisei de conselho nenhum para tomar essa decisão e tampouco para decidir qual seria o destino. Eu me apaixonei por Portugal, me senti segura e muito bem recebida, foi então que percebi que já estava decidido.
Disse que até venderia bolos ou roupas em Portugal. Mas vai procurar entrar em produções portuguesas de televisão ou cinema?
Na realidade o que eu disse foi uma metáfora. A ideia era dizer que eu não tenho medo de desafios, e que, se preciso fosse, eu viraria confeiteira, trabalharia numa loja de roupas, sem nenhum problema. Eu não tenho medo de trabalhar. O que estou buscando é dignidade num país onde você possa circular com segurança. Então não me importa o que vou fazer. Não estou em busca de status. Acontece que muitos veículos sensacionalistas editaram a minha fala e não ficou claro o que eu realmente quis dizer. Eu ainda não tenho nenhum plano quanto a trabalho. Assim que eu me mudar, acredito que vou começar a entender como é o mercado em Portugal, que ainda é desconhecido para mim. A minha vontade é produzir peças de teatro que de alguma maneira proporcionassem uma troca entre atores portugueses e brasileiros.
Quais?
Eu fiz duas peças no Brasil que acredito que o público português adoraria. Uma é do Woody Allen, chamada Sonhos de um Sedutor [Play It Again, Sam, de 1972], o filme que o transformou em realizador, ator e argumentista famoso. A outra é um texto muito interessante, que eu fiz no ano passado, chamado E Se Eu Não Te Amar Amanhã, de uma autora brasileira espetacular [Sandra Werneck]. Mas são ideias ainda embrionárias. Primeiro preciso mudar-me, colocar as crianças na escola e me sentir em casa, só depois então eu vou à luta, atrás de oportunidade para mostrar meu trabalho.
Como atriz, também vê poucas perspetivas de carreira no Brasil?
Não. Eu não vejo poucas perspetivas de trabalho no Brasil como atriz. Apesar de estarmos vivendo uma crise, e de termos um número muito grande de desempregados, percebo que a economia está começando a reaquecer. Eu recebo muitos convites para trabalhos, não foi por isso que decidi mudar-me. Estou saindo do Brasil única e exclusivamente por conta da insegurança e do quanto me incomoda-me lidar com essa miséria, infelizmente, sem perspetiva de melhora.
O que diria a quem queira fazer o percurso inverso: sair de Portugal e tentar a sorte no Brasil?
Eu diria: "Não venha! As condições no Brasil estão muito precárias".
Tem uma carreira bem sucedida na televisão e noutros meios no Brasil. Do que mais se orgulha e se arrepende?
Tenho uma carreira bem-sucedida na televisão, e em outros meios no Brasil, e me orgulho de a ter construído sempre prezando pela minha liberdade artística. Sempre fiz o que eu tive desejo e o que me instigava artisticamente, me dando a opção de escolher o que fazer. Não tenho nenhum arrependimento. Colhi os frutos de todos os trabalhos que fiz, sou muito orgulhosa deles, e todos me acrescentaram profissionalmente. Me orgulho de todos os filmes, peças de teatro e de todas as minhas personagens.
Perfil:
Luana Elídia Afonso Piovani nasceu há 41 anos em São Paulo
Começou a trabalhar como modelo, em 1990, e como atriz, em 1993, na mini-série Sex Appeal, da TV Globo
Participou em mais de 30 trabalhos na televisão, incluindo como apresentadora, e em mais de 20 filmes e peças de teatro
Casada com o surfista Pedro Scooby e mãe de três filhos decidiu mudar-se em 2019 para Portugal
Em São Paulo