Livros portugueses editados com tinta da China

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Acabou de lançar um livro em Lisboa e já tem outro a caminho da China. Os tempos são de boas notícias para Luís Castro, jornalista da RTP. Por cá, o Por que Adoptámos Maddie ainda não tem tempo suficiente de vida para se saber quantos leitores atrairá. Mas o assunto promete. No livro, o autor apresenta 24 pontos de vista sobre um dos factos mais falados do ano - o desaparecimento, a 3 de Maio, de uma menina inglesa que passava férias com os pais no Algarve. Um assunto que correu mundo, encheu páginas e páginas de jornais e movimentou multidões. Mesmo assim, dificilmente o autor terá uma perspectiva de vendas tão alargada desta obra como pode ter para O Repórter de Guerra, o seu anterior livro, que já está a ser traduzido para os chineses lerem. Um mercado de milhões. E é precisamente essa ideia de ter milhões, com uma cultura tão diferente da nossa, a ler as suas reportagens e histórias passadas em cenários de guerra que dá gozo ao autor. "Não espero ficar rico, mas dá-me uma grande satisfação pessoal pensar que o meu livro, que tanto trabalho exigiu, pode ser lido por milhões de pessoas num país tão distante do nosso", disse ao DN.

Como se abriu esta janela de oportunidade é uma história curta de coincidências, que começa na amizade entre um português que há muito vive naquele país longínquo e um dos autores de Vieste p@ra ser o meu livro, no caso Eduardo Aguaboa, adjunto do secretário de Estado das Comunidades Portugueses, que escreveu aquele romance digital, em parceria com Rita Marrafa de Carvalho, colega de Luís Castro na RTP.

Assim, são dois livros e três autores portugueses que no próximo ano poderão começar a vender em Xangai, Pequim e outras grandes cidades da China.

Nenhum deles sabe uma palavra de chinês, nem conhece a China. E muito menos imaginaram que um dia podiam lançar um livro em caracteres chineses. A verdade é que estão prestes a fazê-lo e serão dos primeiros autores nacionais a entrar naquele mercado, apesar de serem ainda pouco conhecidos na sua própria "terra". O que os une o é também a amizade e o gosto pela escrita. Por isso, quando Eduardo Aguaboa foi abordado sobre a possibilidade de eventualmente poder entrar na China, com o Vieste p@ra ser o meu Livro, não se esqueceu de apresentar também o de Luís Castro a quem o podia dar a conhecer aos editores chineses.

"Entre os amigos que convidei para o lançamento do meu livro e da Rita, no ano passado, estava Jitendra Tulcidas, presidente do Centro Português de Negócios na Ásia. E foi ele que se ofereceu para apresentar o nosso livro e o do Luís Castro às editoras chinesas", explicou ao DN Eduardo Aguaboa . Assim o disse, assim o fez. Em Outubro passado, os três autores receberam um fax da China Federation of Literary and Art Circles a dizer, tão simplesmente, que estava interessada em publicar as suas obras.

O acordo de princípio com a editora - que antes de tomar a decisão fez um estudo de mercado para perceber a receptividade dos dois temas dos livros - já está feito. Agora é esperar pela tradução e finalização do contrato, adiantou.

Para aquele responsável da Secretaria de Estado das Comunidade, se este passo para a Ásia correr bem dele poderão beneficiar outros escritores nacionais. Porque, na sua opinião, "as editoras portuguesas continuam a apostar pouco em novos mercados". Uma opinião partilhada por Luís Castro.

Para o jornalista da RTP, houve duas coincidências que contribuiriam para esta oportunidade: "Alguém os ter levado para a China e o facto de ambos os livros abordarem temas universais." A guerra, no caso do seu, e as relações que se estabelecem pela Internet, no de Aguaboa e Rita Marrafa de Carvalho. Mas o momento foi crucial."A China está a abrir-se ao mundo e, como tal, está também desperta para outras realidades e desejosa de conhecer outras culturas", refere o jornalista.

Rita acha também que houve um interesse pelo tema do seu livro. "Aos chineses, como trabalham muito, resta-lhes pouco tempo para contactos pessoais e a Internet é o meio mais fácil para manterem as suas relações sociais e com o mundo".

Agora, a grande s expectativa para todo é ver os seus livro com uma nova imagem. "Estou curiosa para ver um livro que me vi grega para escrever, em português, agora escrito em chinês", diz Rita. "Acho que vai ser giro ver o meu livro vestido de chinês", diz Eduardo Agua Boa. "Vai ser estranho olhar para o "Repórter de Guerra e não entender nada do que lá está escrito.", avança Luís.|

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