Lisboa

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"Viveu em Lisboa, foi? Ah, gosto tanto de Lisboa... Ainda no ano passado fui a Lisboa ver o meu pequeno, que está a estudar!

Conheço aquilo tudo. As pessoas dizem: "Ah, assaltos, e não sei quê." Mas eu cá não tenho medo nenhum. Sempre para diante! Uma vez pus-me a andar por ali acima, do Marquês de Pombal por ali acima, naquela rua, e quando vi estava na Praça de Espanha. Dei meia volta e fui comer uma amberga ao Corte Inglés. E ver os ecrãs.

Ai, ecrãs... Daqui até àquela mesa, tudo ecrãs. Plasmas, LCDs... Um home" pergunta à menina: "Ó menina, este ecrã?", e quando a menina vem já está com o olho noutro. Se não fosse a bagagem, tinha comprado um grande para a sala e um novo para cada pequeno, que a gente lá em casa temos seis televisões.

Seis!

O problema é que é tudo caro. Caro, mas caro! Até num café. Um home" entra num café, "Um cafezinho e um doce", isto e aquilo - pumba, dez euros. Quinze euros! Não se pode. Eles vão ter que baixar esses preços, que lá fora essa gente também não tem dinheiro assim por aí fora.

E almoçar? Eh, huóme! Um restaurante daqueles da Baixa e é sempre 18 euros, 19 euros - só prato. E não se come nada que preste. Se não se vai àquelas ruelazinhas, àquelas tascazinhas, com aquelas pessoas ali a comer, bancários e pessoas, é terrível.

O que vale é que eu conheço aquilo tudo. Tudo. Vou muito ao Rei dos Frangos. Gosto muito do Rei dos Frangos. Mas às vezes também experimento um lugar novo.

Eu entro naquilo tudo. Não tenho medo nenhum. Entro naqueles lugares todos e, se for preciso, pergunto preços, e escolho, e ando aqui, e ando ali, e vou ao estádio do Benfica, e falo com aquela gente, os taxistas, e os seguranças, e os empregados.

Home", aquilo é gente como a gente. Agora, "Lisboa, Lisboa..." - aquilo é tudo gente como a gente!

Mas eu cá gosto muito. Não me importa saber, mas gosto muito, então, de Lisboa."

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