Limiano: A arte de fazer queijos para a família

Já não são feitas pelo 'Papa dos Queijos', como em 1955, mas cada bola de queijo 'Limiano' continua a ser embalada à mão
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"O queijo que faz parte da família." É assim que o Limiano se apresenta aos portugueses: um queijo que remete para as memórias da infância, que é sinónimo de tradição, sofisticação, portugalidade e qualidade. Embora a marca tenha sido registada em 1957, o queijo Limiano nasceu dois anos antes, em Ponte de Lima, pelas mãos de Américo Tavares da Silva. O primeiro queijo foi confeccionado por Manuel Ferreira Leite, aquele que era conhecido como o "Papa dos Queijos".

Cedo mereceu a atenção dos portugueses. "Quando só existia no norte de Portugal, as pessoas faziam fila à porta da fábrica à espera que o turno acabasse para levarem o queijo para casa. Posteriormente, o queijo era transportado de comboio, dentro de caixas de madeira, e foi assim que o resto do País passou a conhecê-lo", conta Paula Amaral, gestora da marca Limiano desde 2006.

Em 1999, a fábrica do Limiano deslocou--se para Vale de Cambra, onde se situa actualmente, processo envolto em grande polémica. E, em 2004, numa altura em que pertencia ao grupo Lacto, a Limiano foi adquirida pela multinacional francesa Bel, que também é detentora das marcas Terra Nostra e A Vaca Que Ri. No entanto, a produção de queijo Limiano continua a ser exclusivamente nacional.

"É a marca de queijo flamengo preferida por metade dos portugueses e é conhecida por 99% da população", realça Paula Amaral, que atribui tal facto ao "sabor suave do produto e à sua textura amanteigada". O processo de fabrico do queijo Limiano ainda é "extremamente delicado", como antigamente... "e a bola ainda é embalada à mão, uma a uma".

Um dos segredos do sucesso da marca Limiano é a aposta permanente na tradição, mas sempre aliada à inovação. Quando nasceu, o seu produto principal era a bola de queijo flamengo, tosco e amanteigado. Com o passar dos anos, foi evoluindo para outros formatos: as metades, os quartos, a bola mais pequena e, em 1999, as fatias. "As fatias da bola Limiano são um ponto diferenciador da nossa marca. Sabemos que os consumidores querem conveniência, e as fatias correspondem a essa grande necessidade. São as únicas redondas e têm um sabor muito diferente das outras que têm um aspecto mais industrial", explica a gestora.

A gama "menos 50% de gordura" é outro dos pontos fortes da marca. A última novidade Limiano é o "Amanteigado de Vaca e Ovelha" - um queijo que vai para a mesa dos portugueses - que "sai fora do espectro da marca, conhecida pelo queijo flamengo".

"Apesar de termos uma marca tradicional e forte, com valores tão ricos, se não insistirmos na inovação caímos no esquecimento", realça Paula Amaral. De acordo com a mesma, o crescimento de 5% no volume de negócios face ao ano passado (sendo o crescimento médio anual na ordem dos 3%), numa altura de crise, é "extraordinário" e deve-se à forte aposta nas fatias e ao lançamento deste novo produto.

Anualmente, são produzidas cerca de cinco mil toneladas de Limiano. O forte é o mercado nacional. No ano passado, foi criada uma equipa para se dedicar à exportação, mas as vendas no estrangeiro ainda só representam 1% do total. "Temos um longo caminho pela frente", diz Paula Amaral.

A gestora da marca acredita que o êxito assenta também nos investimentos de marketing e numa comunicação próxima com o consumidor. Sendo uma das marcas mais caras do mercado, a Limiano oferece algumas promoções, tentando responder às necessidades dos consumidores. "Achamos que o queijo é um bem essencial, e, como tal, nós devemos dar sempre o melhor à nossa família. O melhor é o que os nossos pais nos deram. Aquilo que eu recebi é aquilo que eu quero dar", sublinha.

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