Lewis Hamilton já ganhou lugar na História

Três pódios em três corridas: jovem estreante britânico estabelece marca inédita na F1.<br />
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Três corridas, três pódios (dois segundos lugares e um terceiro). Lewis Hamilton já provou que não passará a figurar nas estatísticas apenas como o primeiro piloto com sangue negro na Fórmula 1. O jovem piloto britânico da McLaren-Mercedes, de 22 anos, que terminou o Grande Prémio do Bahrein atrás do Ferrari de Felipe Massa e à frente do de Kimi Räikkönen, tornou-se no primeiro piloto de sempre a terminar no pódio as três primeiras corridas, marca melhor que a conseguida pelo seu compatriota Peter Arundell, terceiro nas suas duas primeiras corridas, no Mónaco e na Holanda, em 1964.

Com o mesmo número de pontos (22) que o seu companheiro de equipa Fernando Alonso e de Kimi Räikkönen, Hamilton levou cerca de um mês a passar de promessa a certeza e mesmo Alonso, cujo temperamento irascível vem à tona sempre que não é o primeiro, admite que o britânico tem as "mesmas hipóteses" que ele de ganhar o campeonato.

Hamilton, filho de uma família originária da ilha de Granada, nas Antilhas, reconhece estar a viver um "um momento de sonho", enquanto o patrão da McLaren, Ron Dennis, esfrega as mãos de contente, ao confirmar todas as expectativas depositadas no seu protegido, que entrou na Fórmula 1 sem passar sequer pela fase de piloto de testes, ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com Alonso na Renault.

Integrado no programa de jovens pilotos da McLaren desde 1998, Lewis conheceu Dennis num jantar de gala, aos dez anos, altura em que lhe confidenciou que gostaria de vir, um dia, a pilotar para a casa de Woking. E se Dennis sorriu, na altura, mais motivos teve, mais tarde, para se mostrar satisfeito, quando Lewis ganhou o primeiro campeonato de karting organizado para as jovens esperanças no centro de formação da McLaren, vencendo dez das 15 corridas da prova.

Nos anos seguintes, o jovem piloto, nascido em Hertfordshire, confirmou o que nessa altura já se suspeitava, tornando-se numa estrela em ascensão. Campeão da Grã-Bretanha de Fórmula Renault, em 2003, campeão da Europa de Fórmula 3, em 2005 e vencedor da GP2, no ano passado, o excelente palmarés tornou-se difícil a Ron Dennis negar-lhe a entrada na Fórmula 1. Até porque era sabido, já há alguns anos, que gostaria de ter um piloto de cor na equipa (colhendo os respectivos dividendos em termos de marketing). E as comparações não se fizeram esperar: Lewis poderá estar para a Fórmula 1 como Arthur Ashe para o ténis, ou Tiger Woods, para o golfe. O piloto, porém, desvaloriza a projecção, salientando: "É uma honra ser comparado a Tiger Woods, mas eu sou o Lewis Hamilton. Espero ter o mesmo impacto na Fórmula 1 que ele tem no golfe, mas pelos resultados e não pela cor da pele."

Ron Dennis, como é sabido, não gosta de correr riscos. No entanto, o que está a acontecer representou uma autêntica revolução na escuderia. Pela primeira vez, em 26 anos, a McLaren começou uma época com dois pilotos novos. Hamilton, com 21 anos, juntou-se ao bicampeão do Mundo, Fernando Alonso (25) e a McLaren-Mercedes ficou com a dupla de pilotos com média de idades mais baixa de todo o pelotão.

A aposta de Ron Dennis foi tão radical que despromoveu Pedro de la Rosa, devolvendo-lhe o estatuto de piloto de testes, mesmo considerando que o espanhol nem esteve mal nas oito corridas que cumpriu na última época, após a saída de Juan Pablo Montoya para a Nascar.

"Pedro [de la Rosa] fez um trabalho extraordinário, mas sentimos que era a altura certa para esta oportunidade a Lewis. Está perante o maior desafio da sua carreira até ao momento, mas sabemos que ele é capaz de o enfrentar", justificava, no início da época, o patrão da McLaren.

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