Lena d'Água: "Tira as calças, tira as calças!"

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Numa entrevista recente, datada de 2016, a cantora Lena d"Água, nome artístico de Helena Maria de Jesus Águas, levou-nos ao Portugal da Idade da Pedra, algures entre o Câmbrico e o Neolítico, quando recordou os tempos em que, nos seus concertos ao vivo, os cro-magnons da plateia lhe gritavam "Tira as calças! Tira as calças!", na certeza inabalável de que toda a rapariga que então subisse a um palco, ademais em poses ousadas, era, por si só, uma valente cabra e, como tal, moça capaz de se despir em público e a pedido, tendo até gosto em fazê-lo.

O país mudou e muito desde essas eras cavernícolas, em parte graças à ousadia e coragem de miúdas como ela, Lena, as quais, talvez sem se aperceberem disso, fizeram mais pela causa das mulheres - e pela sua dignidade - do que as inflamadas retóricas das feministas. É certo que, na entrevista citada, Lena d"Água é denominada, e logo em título, O "avião" dos Anos 80, que indiscutivelmente o foi, rótulo que não só nunca enjeitou como até para o qual contribuiu à farta e à larga, isto quando não estava, e é importante lembrá-lo, a fazer coros para Marco Paulo (no Eu Tenho Dois Amores) e para António Calvário (em Mocidade), ou anúncios para a TAP e para o Harpic Líquido.

Viu a luz em Benfica (em 16 de Junho de 1956), é filha de um jogador do Benfica (o lendário José Águas, que no apogeu da carreira disse que envergava a camisola do clube "com o mesmo espírito com que o operário veste o fato-macaco", pois "não gostava de jogar à bola") e foi em Benfica que começou a cantar (numa reunião de moradores do Bairro de Santa Cruz, onde lhe pediram que entoasse à guitarra o Ne Me Quittes Pas, de Jacques Brel). Foi, de resto, n"O Benfica Ilustrado que surgiu pela primeira vez na capa de uma revista, aos 2 anitos apenas, em Março de 1958 (no interior, vemo-la a dar um chuto numa bola, em pleno Estádio da Luz, ante o olhar embevecido de seu pai José, cuja biografia ela escreveria anos volvidos: José Águas, o Meu Pai Herói, 2011).

Foi inscrita no SLB com 1 ou 2 dias de vida, facto que não surpreende, pois, ao cabo e ao resto, deve a própria existência à acção do Glorioso, não o que paira sobre as águas, mas o que dá pontapés nesta terra: como é sabido, o seu pai nasceu em Luanda, em 1930, e a mãe, Maria Helena de Jesus Lopes, viu a luz em Lisboa, também em 1930. O pai era dactilógrafo da Robert Hudson, a concessionária da Ford no Lobito, e começou a jogar na equipa da firma até se mudar para o Lusitano (do Lobito), com cujas cores deu 3 a 1 ao Benfica, sendo convidado a ingressar nos encarnados, seu clube de afeição (entretanto, do FC Porto desafiaram-no a vir passar férias à Invicta e a treinar na Constituição, mas Águas declarou "Amanhã respondo", até hoje).

Com autorização do irmão, pois era órfão de pais, José Águas rumou até Lisboa, onde, passados uns dois meses de cá estar, foi convidado a ir a uma boda, em termos que merecem conto: o pai da noiva, o sr. Lopes, era tão doente de bola que saiu do copo d"água da sua filha, em curso na Casa de Tomar, só para ver um jogo do Benfica ("Vou ao jogo e já venho"). No final da partida - e vejam como eram esses tempos... - perguntou a José Águas se queria boleia para casa. Águas andava de eléctrico, morava num quarto na Baixa, e, no caminho para a Praça da Figueira, Lopes convidou-o a ir tomar um copo ao casamento da filha mais velha. Seria lá que José conheceria Helena, a irmã mais nova da noiva, com a qual namorou cinco anos até se casar em 15 de Agosto de 1955 e de, em 16 de Junho de 1956, ser pai da futura cantora do single Robot/Armagedom, que, em 1981, teve entrada directa para o 1.º lugar do Top-20 de vendas e que seria um dos grandes sucessos musicais desse ano. Sem Benfica e sem o Benfica, não haveria Lena d"Água.

Sempre cantaram em casa, o pai trauteando Nat King Cole e Frank Sinatra, a mãe em coros de igreja, pois era muito devota, inclusive catequista (também ela, a voz de Sempre Que o Amor Me Quiser", daria aulas de catequese, com 13 anos, aos mais pequeninos da Paróquia de Benfica). Em 1963, Águas terminou o contrato com as águias e foi jogar para a Viena, onde Lena ainda aprendeu alemão, hoje já mais que esquecido, mas sobretudo, acima de tudo, viu os Pequenos Cantores e comprou os seus discos, coisas que considera "fundamentais" para a sua trajectória subsequente.

De regresso a Lisboa, Helena completaria a primária no Externato Via Sacra, a dois passos de casa, e depois fez o liceu no Maria Amália, exclusivamente feminino, que considerou "muito cinzentão" e, pior do que isso, assaz classista, com as professoras a fazerem uma distinção notória entre as meninas de apelidos sonantes e as filhas dos futebolistas ou doutras profissões menores. Ainda assim, terminou o liceu com média de 15 valores, matriculando-se depois em Sociologia, onde ainda andou seis meses, antes de se mudar para o Magistério Primário.

O seu 25 de Abril: no dia inicial inteiro e limpo, apanhou o autocarro 50 para ir para o ISCTE, no Campo Grande, a aula das 8.00, Matemáticas. Quando lá chegou, um alentejano agitado disse-lhe, com o sotaque próprio dos trastaganos, que tinham ocupado o "Rád Clube", coisa que ela entendeu por "Rato Clube", ficando muito estranhada. Desfeito o equívoco, meteu-se num carro com uns colegas e foram ver a revolução, mas com as ruas cortadas não passariam das portas do Castelo de São Jorge. E assim foi a festa dela, pá.

Lena d"Água pertence à primeira geração de jovens portugueses que se viram confrontados com o problema do consumo e tráfico de droga em larga escala. Ao contrário do que muitos julgam, não foi uma consequência directa de Abril, pois já antes da revolução o almirante Thomaz, na sua mensagem de Ano Novo de 1973, falara no "uso da droga", a par de chagas como "o crescente aumento do número de roubos", a "contestação desenfreada e violenta", "a indisciplina e a falta de respeito" e, enfim, "a pornografia e a corrupção dos costumes".

Pela mesma altura, em Dezembro de 1972, o Papa fizera uma exortação sobre o tema, "È necessario mobilitare energie e volontà per arginare la terribile diffusione della droga" (in Insegnamenti di Paolo VI, Vol. X, Tipografia Poliglotta Vaticana, 1973, pp. 1281ss), e, do lado de lá do Atlântico, Nixon declarara que a droga era "o inimigo nº. 1 da América", lançando uma campanha repressiva em larga escala que, dizem os seus críticos, visava distrair as atenções do Vietname e, do mesmo passo, perseguir dois dos seus grandes ódios: os negros e os hippies. Entre nós, o Governo de Marcelo tentaria a prevenção, sob o lema Droga = Loucura e Morte, associando uma caveira ao símbolo da paz, que os jovens contestatários logo transformaram em Tropa = Loucura e Morte; e, na Assembleia Nacional, o deputado Delfino José Rodrigues apresentou um Aviso Prévio sobre a Toxicomania, alvo de um despacho do ministro do Interior, Gonçalves Rapazote, e da atenção do secretário de Estado da Juventude e Desporto, Augusto Athayde, para não falar de um artigo nas páginas do Soberania do Povo, de Águeda, com o título sugestivo Droga e Comunismo, associando os dois flagelos.

Após os longínquos tempos da tísica ou da pneumónica, a droga trazia consigo um aterrador fenómeno, tornando a morte jovem não já um exclusivo dos pobres, mas uma tragédia transversal a todas as camadas da sociedade, mesmo às mais instruídas e favorecidas e até, por vezes, especialmente nestas. Nos alvores dos Anos 70, e depois nos Anos 80, as burguesias urbanas seriam particularmente fustigadas, com a toxicodependência a proliferar nas pracetas de Benfica ou nas imediações do Califa, nos esconsos dos prédios dos Olivais, na Avenida de Roma, na Linha do Estoril-Cascais, só para falar do que se passava mais a sul (cf., sobre tudo isto, Helena Matos, "Anos 70. Quando a droga deixou de ser um vício de artistas e passou a ser o flagelo da juventude", Observador, de 17/6/2018). Lena d"Água lembra-se da última vez que viu um amigo que adorava, o Manel. Estavam numa festa de Carnaval, no Parque de Campismo de Monsanto, e o Manel disse-lhe apenas: "Já volto, não me demoro". Nunca mais apareceu. Um ano depois, morreu, assassinado por gente ligada ao tráfico, diz a cantora.

Seria nessa festa que conheceria Ramiro Martins, dos Beatnicks, num encontro que define toda uma época: ela perguntou-lhe de que signo ele era, Ramiro respondeu "Sou Leão e nasci nas montanhas", com isso querendo referir-se às bem mais prosaicas faldas da Serra d"Aire. "Anda lá fora apanhar ar", acrescentou o leão. Um mês depois, pela Páscoa, Lena estava grávida da fera e, como recorda, foi já "de barriguinha" que decidiu inscrever-se no Magistério Primário, ao pé da casa dos pais, em Benfica, sempre Benfica.

Os Beatnicks tinham sido criados em 1965, após uma festa no Liceu Gil Vicente. Na segunda fase da vida da banda, o viola ritmo João Ribeiro, ao ser incorporado para a Guiné, cedeu o lugar a Ramiro Martins, que a integrou em 1974. Lena d"Água começou a actuar em Maio de 1976, também numa festa de estudantes, no Liceu de Sintra, e esteve com os Beatnicks até 7 de Abril de 1978, quando estes fizeram a primeira parte do concerto de Jim Capaldi, no Coliseu dos Recreios. No ano anterior, estivera com o grupo numa histórica actuação no festival musical Açores 77, onde tocaram para uma audiência de mais de 10 mil pessoas. Entre elas, o produtor musical António Moniz Pereira, que, tempos depois, já em Lisboa, seria o responsável pelo convite que fizeram à jovem cantora para gravar em estúdio.

Em 1978, grandes mudanças: ruptura da relação com Ramiro Martins, saída dos Beatnicks, paragem do curso do Magistério (que viria a completar depois, após o que ainda estagiou em duas escolas). Mas também início da participação em coros vocais, primeiro o dos Gemini, no Dai Li Dou, ganhador do Festival da Canção, das músicas de Marco Paulo e Calvário, dos comerciais da rádio e da TV.

Foi no meio da publicidade que conheceu dois músicos que também faziam jingles, Zé da Ponte e Luís Pedro Fonseca. Com este último, que rubricara êxitos da publicidade, como os anúncios da Guloso ("esse gostinho bem gostoso"), Nacional ("o que é nacional é bom"), da Kodak ("para mais tarde recordar") ou da Hellmans ("a verdadeira maionese"), iniciará uma das mais importantes relações amorosas da sua vida, além de ter participado com ele - e com Zé da Ponte - na aventura dos Salada de Frutas, grupo formado em Setembro de 1980, na zona da Amadora, e cujo primeiro álbum Sem Açúcar, teve como convidados Guilherme Inês e Zé Carrapa.

No ano seguinte, em Maio de 1981, alcançam enorme êxito com Robot/Armagedom, mas, poucos meses depois, em Setembro de 1981, e após uma actuação na Festa do Avante!, no Alto da Ajuda, dispensam de forma unilateral e brutal a vocalista, alegando que Lena d"Água não tinha capacidades para integrar uma banda de rock alternativo. "Não foi uma coisa muito ética, mas isso faz parte do nosso crescimento como cidadãos", defender-se-ia Zé Carrapa muitos anos depois, afirmando que tinham existido "divergências", "desencontros estéticos", e que foram instigados pela editora a despachar a cantora e o companheiro. Lena tem uma versão diferente dos acontecimentos: em Julho de 1981, vinda do Algarve, toda morenaça, actuou pela primeira vez de mini-saia, na festa do jornal Se7e. Foi a partir daí que, segundo ela, passou a ser considerada um sex-symbol, pois, di-lo com imodéstia e saudade, "era muito gira" (Observador, de 5/6/2016; "O corpo vai perdendo beleza e juventude", Jornal de Leiria, de 5/11/2020). Ora porque se achassem ofuscados pela imagem fulgurante da vocalista, ora porque tenham sentido ciúmes e inveja dela, ora porque, numa versão mais benévola, aquela energia sexual em palco não se quadrava com o perfil da banda, o certo é que Lena e Luís foram postos na rua.

Não muito depois, fundam os Atlântida: em Novembro de 1981, lançam o single Vígaro Cá, Vígaro Lá e, no ano seguinte, o álbum Perto de Ti, um sucesso com 18 mil cópias vendidas, que falha por um triz o Disco de Ouro, e de onde constam prodígios ecologistas (Nuclear, Não Obrigado), diatribes anti-poder (Demagogia), a par de baladas melosas (No Fundo dos Teus Olhos de Água) e músicas para pular (Perto de Ti).

"Aprendi na rua das viagens aquilo que queria aprender na Sociologia e nos livros", diz a cantora quando recorda os anos passados na estrada, os dias em que se vestia em camarins improvisados nas capelas, nas sacristias das igrejas, o tempo da Idade da Pedra, algures entre o Câmbrico e o Neolítico. Por causa dos gritos "Tira as calças! Tira as calças!", deixou de mostrar as pernas em palco. Nas entrevistas mais recentes, não deixa, porém, de lembrar a sua atribulada vida amorosa e até pormenores dos seus romances, como um, tórrido, com o escritor e filósofo Pedro Paixão, começado com uma conversa casual ao telefone, acontecida por acaso, em que ele lhe recitou poemas, e concretizado, logo nessa noite, num encontro marcado na estação de comboios de Benfica, sempre Benfica, em que ela surgiu "à Lena d"Água", diz, com um chapéu de feltro, botas cor de mostarda, blusão de ganga verde com rendinhas amarelas, aparecendo ele de "óculos muito sérios", mas um irresistível perfume a vetiver, trazido do Sul de França.

Meteram-se no Ford Cortina Branco dela, só pararam na Albergaria da Senhora do Monte, com Paixão a prometer que, apesar do seu apelido, nada de mal lhe faria, pois estava "completamente morto" no capítulo íntimo. Trocaram tão-só "umas ternuras", viram o amanhecer de Lisboa, as luzes da Outra Banda, e ainda iriam outra vez ao Guincho, no carro da irmã dele. Quando ela ligou para a casa dos pais do amado, estes informaram-na de que Pedro era casado e dava aulas na Nova e na Católica. "Os rapazes e os homens que namoravam comigo queriam mais a artista do que a mulher... Não tinham confiança em mim. A última vez que me separei foi há quase 20 anos. Foi uma paixão incrível, mas aquilo dava muito para o torto. Houve uma altura em que já não quis mais homens e também nunca mais encontrei", confessou Lena d"Água, afirmando, do mesmo passo, que três dos seus namorados chegaram a agredi-la física e verbalmente.

Além dos homens, a artista tem falado também de uma outra droga, a heroína, que começou a consumir aos 33 anos e que a atormentaria durante mais de uma década, quase duas. Comprava-a no Casal Ventoso ou onde calhasse, e era sempre fumada, jamais injectada, mas às vezes marada, como uma dose que a fez dar um concerto no Porto em total abstinência, coberta de suores frios, as pernas todas trementes. Fez duas curas de desintoxicação, andou pela metadona, teve o apoio de colegas de ofício, como Rita Guerra e Helena Vieira, com quem fazia espectáculos, e de Pedro Osório, "um amigo incrível". Contou aos pais e à filha Sara, que muito sofreram, chegou a vender o apartamento que tinha, bateu no fundo.

Em 2002, enquanto andava a fazer concertos evocativos de Billie Holiday, a sua diva de eleição, decidiu participar no Big Brother Famosos, somente pelo dinheiro. Esteve duas semanas na "Casa" e, até ser despedida, ganhou cerca de 1000 contos (5000 euros). Anos depois, em 2017, colocou um arrepiante post no Facebook em que dizia: "Estou tão na merda, sem dinheiro, sem trabalho, sem quase ninguém!", e colocava à venda livros de Lobo Antunes, umas botas Doc Martens compradas no Porto, em 1995, uma das suas guitarras, uma estante da loja Gato Preto, a cama e o colchão respectivo. Afluíram ofertas de auxílio, até de gente famosa (Júlio Isidro, Nuno Markl), Lena pagou as dívidas, compôs a vida, mas, em 2019, dizia continuar sem dinheiro e sem trabalho: "Ando aflita de cobres desde os Anos 90. Ando há 20 anos à rasca, mas nunca tive outro trabalho. E as dívidas que eu tenho a pessoas amigas são pequenas dívidas" (Notícias ao Minuto, de 12/3/2019).

O seu primeiro amor a sério, Zé Luís, introduzira-a no ioga e na meditação, fê-la tornar-se vegetariana e, apesar da disciplina do pai, que impunha que regressasse a casa até às onze da noite, Lena d"Água confessa ter sido freak desde muito nova, "porque inventava umas roupas, usava umas sandalinhas, umas coisas florais a lembrar os hippies, nunca me pintava". Ser freak não é uma moda, antes um estilo (ou filosofia) de vida, e de tal forma poderoso que todos os que um dia o foram jamais deixaram de sê-lo, pelo menos um pouco (Steve Jobs, por ex., entre tantos outros). Lena d"Água não foge à regra e nunca perdeu aquele modo pedrado e arrastado de falar, ou encarar o mundo, dizendo não recusar uma ganza amiga, um bom vinho, e afirmando ainda há pouco: "Eu continuo a ser um bocado estapafúrdia, como quando era nova." É avó de uma menina.

Através do Google Earth, descobriu o sítio onde mora desde 2007, no Oeste, zona do Bombarral, algures entre o Câmbrico e o Neolítico. Vive serena e sozinha numa casa rústica, com cinco gatos e quatro cães, o Maio e o Rafa, a Melanie e a Lourinha (dados de 2016, passíveis de actualização). Não gosta que falem no seu regresso aos palcos, de onde diz nunca ter saído. Adora falar com os vizinhos, de dizer-lhes os bons-dias e as boas-tardes, de contemplar o fulgor da Natureza, de receber a carrinha do pão, da mercearia, do peixe; faz compras na vila mais próxima, dedica-se aos seus arquivos, cujas imagens e vídeos coloca no seu blogue e, agora, nas redes. Aos fins da tarde, vê televisão. Vive hoje, diz ela, um regresso aos tempos da infância e da adolescência em Benfica, sempre Benfica, quando não era famosa, mas por certo bem feliz. Ainda vai, de quando em vez, à sua fons et origo, tomar um café, comprar produtos naturais numa loja ao lado da igreja, mas evita olhar para a casa onde viveu desde os 2 anos, no Bairro de Santa Cruz, e que vendeu após a morte dos pais.

Desalmadamente é o título do seu último álbum, datado de 2019, expressão que talvez resuma o modo sôfrego como tem passado por este mundo, devendo tão-só dizer-se que, em todos os transes da sua existência, Helena foi uma desalmada com alma, pois esta nunca a perdeu e menos ainda vendeu. Por isso, e por muito mais, que viva por muitos anos.

*Prova de vida (15) faz parte de uma série de perfis.

Historiador.
Escreve de acordo com a antiga ortografia.

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