Lançou a Sagres em Angola

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Maria da Conceição Sousa Vieira. Foi a eleita para fazer a campanha publicitária de lançamento da cerveja Sagres, em Angola. Em 1967. Tinha 17 anos e foi escolhida pela agência África, que trabalhava com a Cinevoz, da capital. Valeu-lhe o curso de modelo, que serviu também para passar vestidos de Augustus.

Óculos genuinamente dos anos 60, biquini reduzido (trazido por amigos do Brasil) e pés descalços na areia compõem o quadro do anúncio publicitário em que a jovem Maria da Conceição Sousa Vieira brilhou no lançamento da cerveja Sagres, em Angola, que também tinha a Cuca.

Vivia-se o ano de 1967, contava Conceição 17 anos e muita alegria de viver, não fosse aquele meio uma família. Esta natural de Luanda, hoje com 58 anos, residente num andar nos arredores de Lisboa, Amadora, cedo tirou o "curso de modelo" numa das férias, em Lisboa. O convite para a campanha da Sagres surgiu-lhe mais tarde depois de o seu compadre Carvalho Jordão, da agência África, ter ido a Lisboa à Cinevoz, que lhe encomendou o trabalho. Foi gravada em vários dias no clube naval O Náutico e depois na praia da ilha de Mussulo, em Angola. "Nunca tivemos a [Sagres ]Mini. Vim apanhá-la aqui já depois de 1975. Repare que o Toi tem esta garrafa na mão. Não sei se a campanha passou em Portugal, eles mandaram fotos para cá. Em Angola foi um êxito", conta.

Ligada à marca dos 17 aos 19 anos, Maria da Conceição recorda que depois apareceu a Nocal, a seguir a Eca e deu-se a guerra das cervejas. "Mas o meu pai era amigo dos administradores das três companhias. Quando fiz 18 anos, mandaram-me litros e litros de cerveja para casa", diz ao DN gente.

O pai, o conceituado jornalista Sousa Vieira, mesmo ali ao seu lado, confirma, do mesmo modo que atesta ter dado sempre autorização para o trabalho tão atirado-para-a-frente da filha. O mesmo trabalho, aliás que a agora sua neta de 16 anos, Inês, já demonstrou ter vontade de experimentar. Ao que Maria da Conceição, a mãe, prontamente responde, indignada com o facto de agora se pagar para trabalhar no meio: "No meu tempo eu não pagava nada, é certo que não recebia..." Apenas contrapartidas, em que se incluíam fins-de-semana num bom hotel, viagens com descontos, boas refeições, vestidos. Este género de pagamento foi aliás o que António Augusto, o conhecido costureiro Augustus, lhe oferecia sempre que passava os seus vestidos ou os levava de Lisboa para Luanda. "Chegava a cortar-lhes as etiquetas para passarem por meus", diz.

Mas acabou por não seguir moda nem publicidade. Queria tirar Direito, mas teve pena de abandonar os pais. Então, candidatou- -se a todos os bancos que estavam a aparecer em Angola, mas foi na Marinha que começou, passando depois sim para o Banco de Angola, onde esteve até à independência do país (11 de Novembro de 1975). Fugiu como tantos outros portugueses, sendo integrada na Caixa Geral de Depósitos, onde esteve até há pouco tempo.|

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