Lac La Belle estreiam fábulas da tradição norte-americana

A dupla Lac La Belle estreia-se domingo em Portugal, apresentando no Porto, num concerto de entrada livre, canções da tradição norte-americana adaptadas ao século XXI, com uma paixão que é "como um vício".
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A descrição é do guitarrista Nick Schillace que, considerado como uma referência do "fingerpicking", revelou em entrevista à Lusa como se proporcionou a sua ligação profissional à cantora Jennie Knaggs: "Os Lac La Belle surgiram quando descobrimos a nossa paixão comum por música tradicional. Foi Joel Peterson, o nosso antigo baixista, que nos fez notar que, individualmente, estávamos ambos a tocar estas mesmas canções antigas. É como um vício".

Nick sentia-se "inquieto" como guitarrista a solo e lançara-se no banjo e na escrita para deixar de notar-se "limitado". Jenny queria "partilhar com o público fábulas antigas" e concentrou-se na voz como o seu instrumento principal, "expandindo-a para melhor descrever cada detalhe de uma canção".

A parceria revelou que um músico "complementava as forças e fraquezas do outro" e a escrita desenvolveu-se de tal modo que a sonoridade do que então era um trio "manteve-se fiel às suas influências tradicionais, ao mesmo tempo que se ramificava para uma perspetiva mais moderna".

Depois deu-se a partida de Joel Peterson, que, obrigando o duo a preencher o vazio deixado pela sua saída, motivou o que Jennie descreve como "mais espaço para movimentações melódicas" e o que Nick define como "um desafio maior, mas também mais recompensador".

"Perder algo tão essencial como o baixo força-me realmente a repensar o que estou a fazer e a certificar-me de que cobri todos os ângulos", explica Nick Schillace.

"Foi bom concentrar-me novamente nos meus instrumentos - o acordeão, o bandolim, o ukelele - para atingir um espectro mais vasto", acrescenta Jennie Knaggs.

No Porto, os artistas vão apresentar temas de dois álbuns: o primeiro, que é homónimo e foi gravado nos tempos do trio, pelo que as suas canções "soam às vezes mais agressivas em disco" do que ao vivo, agora que têm "uma instrumentação diferente", e seis novas composições do EP "Bring on the light", todas elas "originais e gravadas mais recentemente".

Num caso e no outro, o leque de ritmos e músicas é vasto, e Nick garante: "Há desde canções de embalar até batidas mais Swing ocidental, passando pelas nossas obras originais, que também variam muito no tom e na mensagem, mas são histórias mais íntimas das nossas vidas, com comentários sociais ou tópicos do quotidiano".

Para Jennie, a instrumentação dos Lac La Belle é definitivamente do Passado. "Mesmo as cantigas tradicionais são influenciadas pelo nosso ouvido moderno porque as arranjamos e não podemos evitar dar um novo toque ao material antigo", explica.

""s vezes, é inevitável fazermos rock, mesmo que a canção tenha 100 anos, e é assim que Passado e Presente sentem as dores um do outro na nossa música".

"Mas nunca tento ser um revivalista. Seja a interpretar uma melodia tradicional antiga ou uma canção que compusemos nós mesmos, fazemo-lo com sinceridade, contamos uma história do coração e penso que é por isso que a música se repercute em todas as audiências, não interessa a linguagem ou a cultura", assegura Nick.

Os Lac La Belle atuam domingo, às 19:00, no Café au Lait, na Rua da Galeria de Paris. O nome do duo é o de um lago e de um povoado existentes no norte do Michigan, estado que os músicos quiseram homenagear com "uma referência positiva", apesar de esse se encontrar "num período económico difícil".

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