A urgência de integridade do cinema de Salomé Lamas é uma coisa muito pura por muito pensada que seja. A artista multidisciplinar faz um cinema de exploração humana e estética. Uma aventureira que desta feita leva-nos para Rinconada, mina a céu aberto na montanha mais fria, perigosa e alta do Perú. Uma terra de ninguém que desafia os limites da humanidade. E lá encontramos corpos que parecem zombies, gente que não abre a boca e que sofre para dentro. É coisa muito perto da morte (a experiência de lá filmar chegou a deixar Lamas doente), embora seja um filme com vida.
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Eldorado XXI às vezes parece um pouco deslumbrado com a desolação, é verdade, mas será sempre um documentário para ouvir, como uma instalação sonora. Fica-se até com a ideia que deveria antes ser visto numa galeria, mas essa é uma outra discussão. O certo é que a cineasta tocou o fim do mundo, o fim da humanidade.
Classificação: *** bom