Kadyrov em coma? Aliados de Putin na guerra fora de cena
O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) alegou na sexta-feira que o líder da Chechénia, Ramzan Kadyrov, se encontra em estado crítico devido a uma doença grave.
"Sim, de facto, há informações de que o criminoso de guerra Kadyrov se encontra em estado grave - as doenças de que padece agravaram-se e causaram um estado muito grave", disse o porta-voz do SBU, Andriy Yusov, à agência noticiosa ucraniana Obozrevatel.
Yusov não entrou em pormenores sobre os problemas de saúde de Kadyrov, mas sempre adiantou que não era resultado de um ferimento e que o seu estado de saúde estava a piorar. A Obozrevatel tinha anteriormente citado fontes na Chechénia de que Kadyrov tinha entrado em coma.
"Ele está doente há muito tempo, e trata-se de problemas de saúde sistémicos. Mas ele tem estado em estado grave nos últimos dias", disse Yusov, com base em várias fontes médicas e políticas.
Outras fontes russas garantem que o seu médico pessoal e ministro da Saúde da Chechénia, Elkhan Suleymanov, terá desaparecido em outubro de 2022 depois de lhe ter administrado injeções. "Quando a saúde de Kadyrov começou a deteriorar-se de forma acentuada e inesperada, os que rodeavam o chefe da Chechénia começaram a assegurar-lhe que tinha sido vítima de envenenamento. Kadyrov aderiu à mesma teoria e descarregou a sua raiva em Suleymanov", afirmou um canal russo de investigação no Telegram, Vchk-ogpu.
Suleymanov, dizem os rumores veiculados pelo referido canal, terá sido enterrado vivo.
Kadyrov e o seu exército, os "kadyrovitas", são também conhecidos como o exército do TikTok por terem ao seu serviço meios como nenhuma outra força russa, do equipamento e dos uniformes aos profissionais dedicados a filmar e disseminar diariamente propaganda.
Conhecido como o cão de guarda de Putin, Kadyrov ofereceu-se para que o seu exército pessoal sucedesse aos mercenários do grupo Wagner na sequência do falhado motim ocorrido em junho.
Um pouco à imagem do ex-presidente Dmitri Medvedev não faltam tiradas tonitruantes e escandalosas no seu currículo. Sugeriu invadir a Polónia, e a Alemanha oriental. "É território nosso", alegou, enquanto ameaçou fisicamente o chanceler Olaf Scholz.
Uma das últimas ameaças públicas estava relacionada com os atos públicos de queima do Alcorão, levado a cabo por iraquianos na Suécia e na Dinamarca. "Quando acabarmos com a Ucrânia, viajaremos para os países que profanaram o Alcorão."
Ramzan Kadyrov, o homem que prometeu enviar três filhos menores para a frente de guerra, é filho de Akhmat Kadyrov, o homem que a meio da guerra da Chechénia com a Rússia trocou de lealdades e passou a liderar aquela região.
Kadyrov junta-se à lista de suspeitos de crimes de guerra fora de jogo: Yevgeny Prigozhin e Dmitri Utkin, respetivamente dono e comandante militar do grupo Wagner, que terão morrido na queda do avião privado no mês passado; Sergei Surovikin, conhecido como general Armagedão pelas táticas cruéis empregadas na Síria, e ex-comandante da "operação militar especial", esteve desaparecido desde a falhada rebelião de Prigozhin. Depois de vários relatos darem-no como detido e sujeito a interrogatório, reapareceu esta semana em Oran, na Argélia, numa visita de que Moscovo não fez qualquer menção.
Outro antigo operacional caído em desgraça é o nacionalista Igor Girkin. Também conhecido como Strelkov foi essencial na tomada da Crimeia e na desestabilização no Donbass, a qual degenerou na criação das "repúblicas populares" de Donetsk e de Lugansk. Condenado à revelia em Haia pelo seu papel no derrube do voo MH370 e consequente morte de 300 pessoas, o encarniçado Strelkov era uma voz cada vez mais extremista -- e crítica de Vladimir Putin -- no seu blogue. Foi preso em julho.