s futebolistas portugueses não querem que a relva sintética invada os campos nacionais. Se-gundo um inquérito do Sindicato de Jogadores, a maioria dos profissionais mostra-se contra este tipo de superfície. No entanto, nos escalões inferiores, os relvados artificiais são cada vez mais usuais..Apesar de ainda não estar pronta a versão final dos resultados do inquérito, o DN sabe que mais de metade dos jogadores inquiridos estão preocupados com a crescente introdução dos sintéticos, quer para treino quer para competição. Entre as queixas estão as lesões e o desconforto..O movimento contra a introdução deste tipo de superfícies é comum à Europa. Recentemente, os jogadores da Noruega ou Grécia manifestaram igualmente o desagrado quanto à relva sintética. Num inquérito levado a cabo na Holanda, 91% dos futebolistas do campeonato principal foram peremptórios em votar contra aquele tipo de superfície, numa posição em que são apoiados pelos treinadores. Isto apesar de já existirem clubes holandeses que utilizam relvados artificiais..Para Manduca, avançado contratado pelo Benfica, não há dúvidas. "Sou contra os sintéticos, são muito perigosos e favorecem as lesões", afirma. Segundo o brasileiro, "um bom relvado é a melhor coisa que há", especialmente para um jogador tecnicista..João Moutinho, médio do Spor-ting, tem opinião similar. "Gosto mais de relva natural", explica o internacional sub-21, embora confidencie não ter problemas em jogar em campos artificiais..Entre os treinadores, as reticências mantêm-se. José Couceiro, do Belenenses, prefere a relva natural. "É um piso diferente, que não provoca tantas lesões", explica, acrescentando que o relvado artificial é "mais duro e o bater e a velocidade da bola são diferentes". Fora de questão está a alternância "Não vamos treinar um piso e jogar noutro.".Já Nelo Vingada, técnico da Académica, é, em termos gerais, a favor dos campos artificiais. "Per-mitem aos jovens e aos clubes trabalhar com melhores condições, num ambiente mais motivador e com me-nos despesas", defende. Porém, quanto se fala na alta competição, é pelos relvados naturais que o treinador torce..Clubes estão de acordo .Apesar das queixas dos jogadores e das reticências dos técnicos, os relvados sintéticos têm nas direcções dos clubes um forte apoiante. Tudo porque a sua manutenção é menos dispendiosa do que acontece no caso da relva natural. Um argumento que ganha peso nas divisões inferiores, em que o dinheiro é um bem escasso..Actualmente, existem 34 equi- pas que competem em campos artificiais, espalhados entre a II e a III Divisão (competições tuteladas pela Federação Portuguesa de Futebol). No caso da Liga e Liga de Honra (sob o controlo da Liga de Clubes), são os regulamentos que proíbem a sua utilização. Isto apesar de existirem campos secundários artificiais para treinos. .Segundo Joaquim Araújo, vice--presidente da Oliveirense, clube da III Divisão que utiliza relvado sintético desde a época passada, esta foi a solução encontrada para responder às muitas solicitações. "Só temos um recinto e várias camadas jovens", explica o dirigente, aludindo à maior capacidade de utilização dos materiais sintéticos..Quanto às queixas, Joaquim Araújo menospreza-as. "Os jogadores adaptaram-se bem", garante. "Há lesões que não têm nada a ver com o tipo de piso, outras sim, mas não temos sido muito afectados", explica o vice-presidente da Ovarense, satisfeito com aquilo que defende ser um bom negócio.