Veiller sur elle, publicado pela editora L'Iconoclaste, que é descrito como um longo fresco sobre a escultura e a Itália, propõe uma viagem àquele país, no início do século XX, com duas personagens cujos destinos nunca se deveriam ter cruzado: Mimo, um escultor pobre e talentoso, e Viola, a filha de um marquês rico, demasiado ambiciosa..A história de Michelangelo Vitaliani, conhecido por "Mimo", é contada de trás para a frente, a partir da morte de um homem de 82 anos, no outono de 1986, no mosteiro de Piemonte, onde tinha passado os últimos quarenta anos incógnito..Mimo nasceu em França de pais italianos, tendo sido mandado pela mãe, após a morte do pai na guerra, trabalhar no pequeno ateliê de Turim de um escultor alcoólico que maltratava o seu aprendiz..Em dezembro de 1917, os dois mudam-se para Pietra d'Alba, uma aldeia dominada pelo rico clã Orsini e pelos laranjais, onde conhece Viola, a filha mais nova desta família de marqueses, que trata logo de o informar que nunca poderão ser amigos porque não são do mesmo meio social..Entre os dois nascerá uma relação intensa e platónica que durará décadas, feita de encontros secretos no cemitério de Pietra d'Alba, onde ela (a quem na aldeia chamam de bruxa), escuta os mortos. Viola dá a Mimo o seu primeiro livro sobre Fra Angelico da biblioteca do pai, e ele esculpe-lhe um urso em mármore para o seu aniversário.."É um grande momento de emoção, acabei de secar as lágrimas no táxi", reagiu o autor, emocionado, ao chegar ao restaurante Drouant, onde o prémio é tradicionalmente entregue há mais de um século.."Eu preparo toda a minha história. Esta teve 10 meses de preparação, na minha cabeça, num caderno. Não escrevo uma única linha do romance. Depois, um dia, digo a mim próprio: a minha história está aí, por isso posso parar de refletir e de me perguntar para onde vai", confidenciou à France Inter, acrescentando: "Os meus três primeiros romances foram filmados. Desta vez, quis quebrar todos os limites"..Jean-Baptiste Andrea, de 52 anos, foi premiado pelo seu quarto romance, deixando para trás os outros três finalistas do prémio: os escritores franceses Éric Reinhardt, com o romance Sarah, Susanne et l'écrivain, Koening Gaspard, com Humus e Neige Sinno, com Triste Tigre, que venceu na segunda-feira o Prémio Femina..O anúncio foi feito no restaurante Drouant, em Paris, onde os jurados se reuniram, tendo sido anunciado alguns minutos depois o vencedor do prémio Renaudot, atribuído a Ann Scott, por Les insolents..Nascido em 1971, Jean-Baptiste Andrea é um romancista, realizador e argumentista francês. Cresceu em Cannes, onde começou a fazer curtas-metragens e, mais tarde, mudou-se para Paris, onde se licenciou em ciências políticas e economia..O seu romance de estreia, Ma Reine, foi publicado em 2017, tendo sido logo distinguido com alguns prémios literários, entre os quais o de Melhor Romance de Estreia Francês..O Goncourt tem um prémio monetário meramente simbólico, já que o vencedor recebe um cheque de apenas dez euros, mas garante ao seu autor notoriedade, tiragens milionárias e traduções em dezenas de línguas..No ano passado o Goncourt foi atribuído à escritora francesa Brigitte Giraud, pelo romance Vivre Vite, que conta a improvável cadeia de acontecimentos que levaram à morte do seu marido num acidente de mota.