James Franco vence S. Sebastian mas Paulo Branco está no palmarés

A comédia de "The Disaster Artist", de James Franco vence o festival. "O Capitão", produção de Paulo Branco, arrecada melhor fotografia e "Spell Reel", de Filipa César, uma menção honrosa.
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As más línguas, os "haters", vão amaldiçoar o júri de John Malkovich por ter dado a Concha de Ouro a The Disaster Artist, de James Franco, um filme de uma "major" americana que celebra de alguma forma o pior cinema americano. Uma comédia em forma de biografia sobre o "caso" Tommy Wiseau, o cineasta de The Room, ainda hoje considerado o pior filme de sempre. Depois do sucesso no South By Southwest e no Festival de Toronto, agora a aclamação europeia.

O filme tem uma ternura contagiante por "perdedores" e é capaz de encenar de forma hilariante um dos maiores equívocos da história de Hollywood. Um triunfo para o ator e realizador americano que pela primeira vez consegue agradar à imprensa especializada.

O Capitão, de Robert Schwentke, que era à partida o grande favorito, conseguiu ainda assim figurar no palmarés, com o prémio de melhor fotografia atribuído a Florian Ballhaus, filho do lendário diretor de fotografia Michael Ballhaus. O filme foi dos mais aplaudidos nas sessões de gala e alvo de inúmeros convites para festivais internacionais. Um olhar sobre o final do III Reich e as mistificações da culpa alemã, uma obra que vai mais além na reflexão da memória do horror nazi. Recorde-se que esta é uma co-produção de Paulo Branco.

Na secção Zalbategui Tabakalera, Spell Reel, da artista portuguesa Filipa César, recebeu a menção honrosa do júri, um reconhecimento a um trabalho de ensaio sobre a perenidade das imagens de arquivo da Guiné durante a guerra para a independência. Mais uma distinção internacional para o cinema português depois do Leopardo de Ouro em Locarno para a curta António e Catarina, de Cristina Hanes e a menção para Verão Danado, de Pedro Cabeleira. Trata-se da entrada assumida de Filipa César para a primeira divisão do cinema contemporâneo. A artista vai apresentar no DocLisboa esta obra estreada mundialmente no Festival de Berlim.

Da competição oficial, referir ainda o justo reconhecimento para Handia, de Aitor Arregui e Jon Garano, o único filme basco a concurso, a história verdadeira de um gigante do País Basco que se tornou célebre em meados do século XIX. Handia ganhou o Prémio Especial do Júri, enquanto o argentino Alanis, levou para casa a Concha de Prata de melhor realização para Anahí Berneri.

O melhor filme de todas as secções foi Três Cartazes à Saída da Cidade, de Martin McDonagh, exibido na secção Pérolas. Esta comédia dramática com Frances McDormand venceu o Prémio do Público.

Esta 65ª edição premiou e homenageou gente como o ator Ricardo Darín, Monica Bellucci e a cineasta Agnés Varda.

Palmarés.

Melhor Filme /Concha de Ouro- The Disaster Artist, James Franco

Melhor Realização: Anahí Berneri- Alanis

Prémio Júri: Handia, de Aitor Arregui e Jon Garano

Melhor ator: Bogdan Dumitrache- Poporoca

Melhor atriz: Sofía Gala Castigloni- Alanis

Melhor Argumento: Diego Lerman e Maria Meira- Una Espécie de Familia

Melhor Fotografia: Florian Ballhaus- O Capitão

Prémio do Público: Três Cartazes à Saída da Cidade, de Martin McDonagh

Melhor filme Zalbategui Tabakalera: Braguino, de Clément Cogitore

Menção Especial: Filipa César: Spell Reel

Prémio Melhor Filmes Novos Realizadores: Le Semeur, de Marine Francen

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